Industrialização Brasileira: Governo Militar
João Goulart, conhecido como Jango, eleito por duas vezes vice-presidente, assumiu o poder após a renúncia de Jânio Quadros – fato que ocorreu em 1961 e deu início a uma grave crise política.
Jango enfrentou sérios problemas de governabilidade, agravados pelas dificuldades econômicas herdadas do período JK, como a dívida externa e, principalmente, a inflação. Em meio a um cenário de Guerra Fria e uma forte polarização ideológica mundial e nacional, Jango apresentou uma política nacionalista de reformas de base (incluindo a reforma agrária, tributária, bancária, eleitoral e financeira). Porém, estas propostas foram consideradas comunistas pelos setores conservadores da sociedade, servindo como estopim para uma mudança na estrutura de governo, que deu início a um regime militar (1964-1985).
Ao assumirem o poder, os militares deram início a um novo e importante período da fase de substituição de importações. Dos 21 anos de ditadura militar, destaca-se o período que vai de 1968 a 1973, conhecido como “milagre econômico brasileiro”, no qual a economia cresceu em ritmo acelerado. Assim como nos governos Vargas e JK, o crescimento esteve sustentado por fortes investimentos estatais, responsáveis pela aplicação de altas quantias na construção de infraestrutura e na expansão de serviços e empresas estatais. Contudo, tais recursos só puderam ser obtidos através de vultuosos empréstimos realizados no exterior, o que aumentou rapidamente o endividamento público.
Assim como no período JK, os militares permitiram e incentivaram a entrada de capitais estrangeiros, que se alocaram principalmente na extração de minerais metálicos, no agronegócio, na indústria química, farmacêutica e na fabricação de máquinas e outros bens de capital. A industrialização promovida pelos militares contou também com a realização de uma série de projetos na região Norte, vista pelos militares como uma fronteira de recursos a ser explorada. Para tal, houve a criação da Zona Franca de Manaus, visando tornar a Amazônia um polo industrial; e a realização de obras faraônicas.
A ditadura militar e as obras faraônicas
O termo “obra faraônica”, é utilizado como referência a obras de grande porte realizadas com o objetivo de demonstrar poder e impressionar a sociedade. A referência desse nome é o povo egípcio que ficou historicamente famoso por construções suntuosas como as pirâmides e a esfinge.
Durante o governo dos militares no Brasil grandes obras foram realizadas como:
• Ponte Rio Niterói.
• Usina Hidrelétrica de Itaipu.
• Rodovia Transamazônica.
Dentre os problemas relacionados a esse tipo de empreendimento estão os altos gastos públicos e a dificuldade em controlar o desvio de verbas, uma vez que envolve grande número de pessoas e materiais e o tempo de execução é maior.
Contudo, ainda que a economia apresentasse um crescimento vigoroso, as políticas adotadas pelo governo federal promoveram uma concentração de renda, em virtude da prática do arrocho salarial. Ou seja, a manutenção dos salários em níveis muito baixos gerou uma redução do poder de compra, especialmente da população mais pobre. Ao mesmo tempo, a concentração industrial nas metrópoles (principalmente nas do Sudeste) continuava muito elevada, o que intensificou o êxodo rural, aumentou a concentração populacional em áreas urbanas e ampliou a desigualdade socioeconômica. Assim, enquanto a expansão da economia promovia um cenário favorável ao consumo por parte da classe média, com a proliferação de shoppings e moradias de luxo, crescia a população marginalizada e miserável, com destaque para o enorme incremento da favelização.
A forte expansão industrial ocorrida no período do milagre econômico não se repetiu nos anos posteriores, principalmente por conta da piora na economia mundial. As crises internacionais do petróleo, ocorridas em 1973 e 1979, puseram fim ao cenário que havia permitido ao Brasil se industrializar mediante a obtenção de empréstimos no exterior. Com efeito, afetado pelo aumento nos preços dos combustíveis, os Estados Unidos elevaram as taxas de juros no mercado internacional e diminuíram seus investimentos nos países menos desenvolvidos.
Sem capitais para prosseguir a modernização fabril e com as contas públicas cada vez mais estranguladas pelos crescentes juros da dívida externa, o Brasil viu o progressivo sucateamento tecnológico de suas fábricas e mergulhou numa grave crise de hiperinflação, fazendo com que os anos 1980 ficassem conhecidos como Década Perdida. Nesse momento, o governo tentou aumentar a arrecadação através do comércio internacional, direcionando a produção industrial para o exterior. Tal política, baseada no slogan “Exportar é o que importa”, além de não ter sido bem-sucedida, marcou o fim de um longo período, iniciado ainda na década de 1930, cuja produção de bens de consumo esteve voltada para o mercado interno.
CRISES DO PETRÓLEO
Guerra do Yom Kippur (1973)
• O conflito teve início após um ataque à Israel liderado pela Síria e pelo Egito em resposta a anexação de territórios sírios e egípcios (Península do Sinai, parte do Canal de Suez, Faixa de Gaza, Cisjordânia e as Colinas de Golã) após a Guerra dos Seis Dias (1967).
• O nome está relacionado ao feriado judeu do “Dia do Perdão” (em hebraico, chamado de Yom Kippur).
• Como forma de protestar contra o apoio que os Estados Unidos dava a Israel, os países membros da OPEP aumentaram o valor do preço do barril de petróleo.
Revolução Iraniana (1979)
• Na década de 1970 o país era governado pelo xá Reva Pahlevi que representava uma monarquia autoritária com grande proximidade junto ao Ocidente, levantando assim diversas críticas da oposição.
• Os opositores eram liderados por aiatolá Ruholla Khomeini, um religioso, que defendia reformas sociais e econômicas, além de uma recuperação dos valores tradicionais do islamismo.
• Em 1979, após o retorno de aiatolá Khomeini de um longo período de exílio em Paris, os protestos contra o governo se intensificaram e tornaram-se mais violentos. Em um cenário de greves que prejudicaram a economia do país o xá Pahlevi foi deposto e o aiatolá Khomeini tornou-se o chefe religioso e governante do país.
• Com uma postura mais radical do governo, após estadunidenses terem sido feitos de reféns na embaixada em Teerã, ocorreu um rompimento de relações entre Irã e Estados Unidos.
O PROGRAMA PRÓ-ÁLCOOL
Entre 1968 e 1973 o Brasil atravessou um período de grande crescimento econômico que teve seu fim com a ocorrência da primeira grande crise do petróleo (1973). Nesse contexto em que o governo militar passou a ser mais criticado (críticas que levariam a abertura do regime de maneira lenta), o governo brasileiro passou a substituir os carros movidos a derivados do petróleo por aqueles que seriam movidos à álcool.
Tendo sido atingido então pela crise do petróleo o governo brasileiro lançou em 1975 o Programa Nacional do Álcool, ou seja, o Pró-Álcool.
Com os investimentos no uso da cana-de-açúcar para a produção do novo combustível o país conseguiu ter menos abalos pela crise do petróleo de 1979. Porém o projeto não teve o êxito esperado, pois com a posterior queda do preço do barril de petróleo o investimento nessa fonte deixou de ser uma vantagem.
OBSERVAÇÃO
Taxas de crescimento anuais do Brasil (1950-2000)