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Fontes de Energia II – Situação do Brasil

Fontes de Energia II – Situação do Brasil

Aprenda sobre as Fontes de Energia do Brasil. 

A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Na matriz energética brasileira predominam as fontes não renováveis (o destaque fica para o petróleo utilizado nas termelétricas e importante matéria-prima para combustíveis e produtos industrializados) que correspondem a 59% do total. Apesar disso, é possível observar que as fontes renováveis estão ganhando espaço e correspondem a 41% da matriz nacional (o destaque fica para a biomassa da cana-de-açúcar que é utilizada para a produção de biocombustíveis).

Se considerarmos apenas a energia elétrica (sem contabilizar os gastos de combustíveis), cerca de 70% da energia vem da força da água, ou seja, de usinas hidrelétricas. Portanto, percebe-se que o Brasil tem uma matriz energética mais limpa que a média mundial.

Porém, importantes mudanças têm ocorrido nos últimos anos envolvendo o uso de energia do Brasil. Primeiramente, com o aumento da renda de grande parte da população, cresceu o consumo e o gasto de energia. Para atender a essa demanda, o governo tem projetado diversas novas hidrelétricas, e a maioria delas na Bacia Amazônica. Isso ocorre porque a Bacia do Paraná, que é a mais utilizada para a geração de eletricidade, já não suporta mais novas usinas de grande porte. Logo, utilizar o potencial amazônico (o maior do país) torna-se uma necessidade, na perspectiva dos gestores do setor de energia. Estas usinas são diferentes das antigas, pois usam a tecnologia fio d’água (ou seja, não tem reservatório). A consequência é que há um menor impacto ambiental, com menos áreas alagadas.

Porém, caso haja um longo período de estiagem, diminui a vazão dos rios e a geração de energia é menor. Por conta do aumento da demanda e da última estiagem entre 2012-2014, houve a necessidade de ligar, de forma emergencial, todas as usinas termelétricas do país. Estas usinas são movidas a carvão e óleo diesel, geram muito mais poluentes e produzem energia com um custo maior. Portanto, apesar de ainda ter grande destaque no uso de energias renováveis, aumentou ligeiramente o uso de fontes sujas no Brasil. Por fim, vale destacar que há vários projetos previstos e outros em execução para a criação de novas usinas nucleares e eólicas no Brasil.

A proposta que prevê a construção de mais usinas nucleares, um tipo de energia alternativa (mas que não é renovável), enfrenta sérias resistências pelo medo de possíveis acidentes, principalmente após o recente problema ocorrido no Japão. Inclusive, o acidente japonês desencadeou um movimento em diversos países (como a Alemanha e o próprio Japão) em prol da redução ou até mesmo eliminação total do uso desta fonte energética. Por enquanto, o Brasil usa muito pouco dessa energia termonuclear (existem apenas duas usinas em funcionamento e uma em construção). O mesmo não pode ser dito em relação ao petróleo, que apesar de bastante poluente, é a fonte de energia mais usada no Brasil, situação que tem se intensificado a partir da exploração das reservas existentes na área do pré-sal, no litoral brasileiro.

As reservas de combustível do pré-sal podem futuramente colocar o Brasil na condição de grande exportador de petróleo, mas também devem provocar um aumento no consumo desta energia no Brasil. Por enquanto, o certo é que a disputa por esse recurso já faz com que haja uma guerra entre os estados, que promoveram uma luta pela redistribuição dos royalties da produção petrolífera alguns anos depois do anúncio da descoberta das novas reservas.

DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

Apesar da força das águas e o poder do átomo ainda predominarem no mundo como principais fontes de energia elétrica – ao lado do petróleo e do carvão, produtos poluentes e esgotáveis que movem usinas termoelétricas por meio do calor –, ganham destaque as formas alternativas e limpas de produção de eletricidade. O sol e os ventos são a “matéria-prima” do que deve ser o futuro da energia elétrica. Ao mesmo tempo, o gás natural tem sido cada vez mais usado nas termoelétricas, o que deve beneficiar especialmente o Brasil, que construiu um gasoduto que traz da Bolívia esse produto.

Os desafios a enfrentar para que as fontes alternativas de energia, em especial a solar e a eólica, consigam fazer frente às formas tradicionais, são os custos elevados (no caso das usinas solares), a necessidade de condições naturais favoráveis e o baixo rendimento de energia utilizável. As soluções se encontram no investimento em tecnologia, para aumentar o aproveitamento da energia produzida e reduzir os custos, e na localização dos lugares mais adequados para a captação dos raios solares ou com maior frequência de ventos minimamente fortes para fazer funcionar uma turbina eólica, que requer baixo aporte financeiro.

Enquanto de uma usina hidrelétrica, cerca de 95% da energia produzida é aproveitável, o rendimento dos painéis para captar a luz solar é de apenas 15%. As turbinas eólicas rendem um pouco mais, 30%, mas ainda assim bem abaixo das usinas termoelétricas, das quais é possível aproveitar até 60% da energia elétrica produzida.

A tendência no Brasil, contudo, é que as fontes alternativas se tornem mais presentes em virtude do progressivo esgotamento do potencial hidrológico do país. Em curto e médio prazo, as termoelétricas devem ser impulsionadas pelo gasoduto BrasilBolívia, usando o gás natural. Em relação à energia solar, que exige alto investimento, os custos vêm se reduzindo e as pesquisas encontrando novas soluções. Apesar disso, o uso dos raios solares como fonte de energia tem se dado de forma isolada no Brasil, em locais não vinculados à rede de transmissão de eletricidade, como reservas ecológicas. A presença dos painéis, assim como das turbinas eólicas, tem sido comum também no Nordeste, região pobre em rios perenes, mas com intensa luminosidade solar e ventos constantes – especialmente no litoral, poços artesianos funcionam a partir de energia solar ou eólica.

RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS NO BRASIL

O potencial energético do Brasil, ampliado com as recentes descobertas de petróleo e gás na camada pré-sal e a produção de etanol, pode transformar o país em exportador de energia nas próximas décadas. A mudança de status pode colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial. Entre os grandes emergentes que formam o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), somente os russos, que têm grandes reservas de gás e petróleo, são exportadores líquidos de energia.

Um relatório com projeções até 2030 elaborado em conjunto pela consultoria Ernst & Young Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o consumo doméstico de energia poderá crescer a uma média de 3,3% ao ano, ante um aumento médio de 4,2% na produção, o que geraria excedente de petróleo e etanol para o mercado externo. Atualmente, o Brasil exporta parte do petróleo que produz e compra outro petróleo no mercado internacional. Isso porque o petróleo exportado pelo Brasil é do tipo pesado, de menor valor de mercado, e o país ainda precisa importar o petróleo leve, que é mais caro.

O ETANOL

O álcool vem ganhando destaque no cenário mundial em meio a discussões sobre mudanças climáticas, a crescente demanda internacional por fontes de energia mais limpas e a preocupação dos países em reduzir sua dependência de petróleo. Ao contrário dos Estados Unidos, que produzem etanol à base de milho, também utilizado para alimentação, o Brasil usa como matéria-prima a cana-de-açúcar, considerada mais eficiente por especialistas e com maior poder de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

Estados Unidos e União Europeia têm programas para promover o consumo de biocombustíveis e deverão aumentar a mistura de etanol nos próximos anos. Avanços tecnológicos, como o etanol de segunda geração, produzido a partir de materiais hoje descartados, como sobras de colheita ou palha e bagaço de cana, deverão permitir aumentar a produção sem necessidade de ampliação de área. Mesmo com todos os avanços, porém, o mercado de etanol ainda é pequeno. Calcula-se que todos os biocombustíveis não representem nem 1% do peso do petróleo.

PRÉ-SAL

Até alguns anos atrás, o litoral do Brasil já era o principal local de extração de petróleo do país. Porém, essa extração petrolífera era feita em camadas mais rasas das bacias sedimentares de Campos e Santos, de onde se extrai petróleo pesado. As pesquisas geológicas descobriram, porém, que abaixo das rochas utilizadas havia uma outra camada, com muito mais petróleo – e com petróleo de qualidade superior.

Portanto, a camada pré-sal é composta por um conjunto de rochas sedimentares situadas em grandes profundidades no litoral brasileiro, e se estende por 800 quilômetros entre Espírito Santo e Santa Catarina.

Há dificuldades, porém. As reservas estão a uma profundidade de 7 quilômetros abaixo do leito do mar, e a tecnologia de exploração é cara. É necessário um preço de mercado que seja superior ao custo de produção, além de capacidade tecnológica para viabilizar a produção e a extração. Logo, num cenário de petróleo vendido a preços baixos no exterior, a produção do pré-sal fica inviabilizada. Há cálculos que indicam necessidade de investimentos de até US$ 1 trilhão para explorar plenamente a camada pré-sal, o que só compensa com o barril de petróleo vendido internacionalmente acima 50 dólares.