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África Subsaariana e Conflitos na África

África Subsaariana e Conflitos na África

Na África conservam-se tradições e, embora islamismo, catolicismo e protestantismo estejam presentes entre a população, o espírito de milhões de africanos é fortemente guiado pelo animismo.

A SITUAÇÃO DA ÁFRICA NO MUNDO GLOBALIZADO

Todos os países possuem graves problemas sociais básicos como alimentação, saúde, moradia e educação, a maioria sem perspectivas de solução a curto e médio prazos.

O processo de globalização que hoje domina o cenário da economia internacional caracteriza-se pelo investimento dos grandes capitais em países de economia emergente, onde a possibilidade de lucro mostra-se maior. No entanto, nem todas as economias nacionais são alvo de interesse por parte dos principais investidores. Nesse contexto, encaixa-se a maior parte dos países africanos, que está à margem desse processo. Atualmente, o capital disponível para investimento tem como preferência a América Latina, os países do Leste Europeu e asiáticos. Isso é um problema para a África, pois, sem esse capital, dificilmente se desenvolverá, devido à precariedade estrutural em que se encontra. Do ponto de vista histórico, a vinculação africana ao mercado internacional foi desastrosa e desorganizadora da economia tribal, já que a relação dos países economicamente hegemônicos com o continente sempre foi exploradora e predatória. Durante o mercantilismo, o principal papel desempenhado pela África em relação ao mercado mundial foi o de fornecedor de mão de obra para o sistema escravocrata.

Na fase contemporânea da história, o interesse europeu volta-se para a expansão capitalista na forma de um neocolonialismo que submeterá o continente aos interesses exploratórios de recursos naturais e de mercado. Quando o colonialismo termina, a independência pouco altera a situação da população, uma vez que a maior parte dos Estados Nacionais é opressora e perdulária, dominada seja por civis, seja por militares. Além disso, os constantes conflitos étnicos colaboram para agravar a situação, gerando gastos e instabilidade política que retardam ainda mais o desenvolvimento. Os efeitos de quase cinco séculos de exploração e estagnação justificam o isolamento africano. A defasagem de seu desenvolvimento social e econômico é imensa, inviabilizando sua inserção no processo de globalização.

CONFLITOS

A África é o continente com maior número de conflitos duradouros em todo planeta, de acordo com a ONU. De um total de 54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em guerra civil ou em conflitos armados.

As batalhas mais devastadoras estão relacionadas a Ruanda, Somália, Mali, República Centro-africana, Darfur, Congo, Líbia, Nigéria, Somalilândia e Puntlândia (Estados declarados independentes da Somália em, respectivamente, 1991 e 1998). Esses combates envolvem 111 milícias, guerrilhas, grupos separatistas ou facções criminosas.

Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana. A região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes embates entre governos e rebeldes. São disputas que, neste século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações sociais e políticas. Distinguem-se, portanto, do movimento popular da Primavera Árabe.

• Genocídio de Ruanda: conflito foi de caráter étnico. Dois grupos predominam no país: os hutus e os tutsis. No período de colonização belga, os tutsis lideravam postos políticos, mesmo sendo minoria em relação aos hutus. Na década de 60 o governo local tutsi foi derrubado por hutus. Anos depois, os tutsis tentaram reconquistar a região, mas foram dizimados com uma organização meticulosa por parte do governo hutu.

• Independência do Sudão do Sul: até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país da África. Por possuir grandes reservas de petróleo, a população sulina sempre reivindicou maior autonomia, e uma série de conflitos acabaram levando à criação do novo país.

• Nigéria: o conflito, que se arrasta até os dias de hoje, tem caráter religioso. Enquanto a região norte tem maioria muçulmana, a parte sul é cristã. Nos últimos anos, o crescimento da população cristã fez com que os islâmicos, preocupados em perder sua influência política, reagissem com atentados, sequestros e mortes contra os povos do sul.

• Apartheid: foi uma segregação racial na África do Sul, hoje a maior economia do continente, onde a minoria branca criou leis que davam direitos e deveres distintos para negros e brancos – e sempre em favor dos brancos. A segregação chegava ao ponto de proibir que negros tomassem água no mesmo bebedouro que os brancos. A África do Sul é hoje o país mais industrializado do continente, e faz parte do BRICS, grupo político de cooperação entre os emergentes Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China.

• Conflitos da Primavera Árabe: a Primavera Árabe não se deteve ao Oriente Médio, e também teve desdobramentos nos países da África subsaariana. Os povos de Líbia, Egito e Síria, que foram dominados por governos corruptos e ditatoriais, reagiram e derrubaram seus líderes, mudando o regime político da região. O conflito é mais delicado na Síria, onde Bashar al-Assad ainda segue no governo, e uma série de países com interesses na região tencionam os conflitos na área.

GENOCÍDIOS

No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), movimentos nacionalistas e anticolonialistas travaram guerras para conquistar a independência das nações africanas. Nos anos 1970 e 1980, sucessivos golpes militares e disputas étnicas impediram a continuidade política e, consequentemente, o desenvolvimento da região.

De modo geral, as guerras africanas não são guerras entre países, mas conflitos internos. Eles têm como principais causas a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e a luta por autonomia de grupos étnicos. O que mais chama atenção, contudo, é a brutalidade dessas disputas, sobretudo aquelas travadas após os anos 1990. Genocídios, massacres, estupros em massa, exército de crianças e extermínio de comunidades inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome é outro instrumento usado pelas facções, que destroem as plantações e expulsam populações de seus lares. Diferente das guerras no século XX, os atuais conflitos africanos matam, em 90% dos casos, civis, não militares.

A Segunda Guerra do Congo é considerada o conflito armado mais letal desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2008, 5,4 milhões de pessoas foram mortas, a maioria de fome. Ruanda foi palco de um dos maiores genocídios da história do continente. Em apenas cem dias, entre os meses de abril e junho de 1994, 800 mil pessoas foram mortas no país, a maioria da etnia tutsi. Em Darfur, desde 2003 os conflitos deixaram cerca de 400 mil mortos, segundo estimativas de ONGs, e 2,7 milhões de refugiados, gerando uma das piores crises humanitárias deste século.

REFUGIADOS

Outra consequência dos conflitos é a expulsão de milhares de pessoas para campos de refugiados. Isso provoca, por sua vez, uma crise humanitária, com a proliferação de doenças e a fome que dizimam a população. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla em inglês) calcula em 43,3 milhões o número de pessoas expulsas de seus países, em todo o mundo, sendo que 15,2 milhões delas têm o status de refugiados. Afeganistão e Iraque, países ocupados pelas forças americanas no começo deste século, possuem o maior número de refugiados, seguidos de Somália e Congo. O maior campo de refugiados no mundo fica no Quênia, com 292 mil pessoas.

Mesmo com a ajuda humanitária, os países em guerra não conseguem se reconstruir. Ao final dos combates, a pouca infraestrutura existente e serviços foram devastados, atrasando ainda mais o progresso econômico.

A ÁFRICA DO SUL

Apesar de fazer parte da África Subsaariana, esse país apresenta a economia mais desenvolvida do continente (de acordo com dados do Banco Mundial, o PIB desse país em 2018 era de 368,3 bilhões). No setor primário destaca-se pela abundância de recursos minerais, sendo o maior produtor mundial de platina e de cromo e o quinto maior de ouro.

Os investimentos estrangeiros possibilitaram o desenvolvimento de uma atividade industrial ampla e diversificada. O país apresenta indústrias de bens de produção (siderúrgica, metalúrgica, máquinas, química etc.), de bens de consumo (vestuário, alimentícia, Têxtil etc.), armamentos e naval.

As indústrias se concentram nos principais centros urbanos. Porém, problemas, como a pobreza, que atinge principalmente os negros, são ainda marcantes no país. A população branca (de origem europeia, com destaque para ingleses e holandeses), que é minoritária, detém a maior parte da renda do país.

Portanto, o grande desafio da África do Sul está relacionado ao combate as heranças do apartheid. O principal objetivo dessa população, é a luta para a formação de um país multiétnico com menor desigualdade e preconceito.

A DESERTIFICAÇÃO DO SAHEL

A região do Sahel, que acompanha o sul do deserto do Saara, corresponde a uma região de transição em que se encontram as Savanas e os Estepes. Nessa porção do território, as populações locais sobrevivem de atividades de subsistência como a criação de bovinos e caprinos (pecuária) e do cultivo de algodão, amendoim e arroz (agricultura).

Empresas agrícolas têm implantado lavouras monocultoras na região em que se encontram as Savanas no Sahel, e com isso causando grandes transformações ambientais e sociais. A ocupação das melhores terras para o cultivo provocou a migração dos nativos (pastores e agricultores) para as áreas semidesérticas ao norte, onde se encontra o domínio de Estepes.

A chegada dos nativos, com suas práticas de agricultura de subsistência de pastoreio, têm aumentado o desmatamento e intensificado o fenômeno de desertificação.

Esse impacto ambiental, intensificado pela retirada da cobertura vegetal nativa e pela construção de poços artesianos que empobrecem o solo de água, não têm a ação antrópica como única causadora. O clima semiárido (pequena pluviosidade, com longos períodos de estiagem) favorece as queimadas, e a ação do vento, que ao deslocar grande quantidade de areia acelera esse processo natural.