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RACIONALISMO

RACIONALISMO

As mudanças de pensamento geradas pelo Renascimento acarretaram a possibilidade de evolução de certos comportamentos e pensamentos.

DESCARTES E A RAZÃO

Nesse contexto cresce e evolui o Racionalismo, capitaneado pelo francês René Descartes, que buscava encontrar uma resposta indubitável, não passível de dúvidas ou questionamentos. Vale pontuar que as dúvidas de Descartes nada tem ligação com as dúvidas dos céticos, já que busca e defende a necessidade de encontrar-se uma resposta.

Descartes.

René Descartes. Por Frans Hals. (1650)

O racionalismo de Descartes é estritamente humano, ao compreender que somente a razão humana é passível de encontrar verdades, também se contrapõe ao empirismo, ao questionar os sentidos, a experiência e qualquer outra forma de conhecimento que não seja aquela originada no racionalismo.

O MÉTODO CARTESIANO

Descartes não busca as verdades de forma solta, sem reflexão ou organização, busca através de um método, conhecido pela matemática, como método cartesiano. O método é composto por quatro etapas que devem ser seguidas para que ocorra uma real chegada ao conhecimento.

Regra da evidência: só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção.

• Regra da análise: dividir cada uma das dificuldades surgidas em tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor.

Regra da síntese: ordenar o raciocínio dos problemas mais simples para os mais complexos.

Regra da enumeração: realizar verificações completas e gerais para se ter absoluta segurança de que nenhum aspecto do problema foi omitido.

PENSO, LOGO EXISTO

Descartes utilizou-se da dúvida hiperbólica, uma dúvida constante, permanente e que deve estar presente em toda e qualquer relação do indivíduo. Ele duvidou inicialmente de suas sensações como forma de conhecer o mundo, uma crítica clara ao método empirista de conhecimento, pois as sensações enganam sempre, duvidou posteriormente da realidade externa e da realidade do seu corpo como forma de comprovar que o conhecimento certo, mas não teve como duvidar de que estava duvidando, o argumento do sonho é essencial nesse processo. Nada garante que não estamos sonhando, logo nossos sentidos podem encaminhar para o engano, sendo necessário confiar somente na razão como fonte de conhecimento. A primeira certeza: duvido, logo existo, mas duvidar é um modo de pensar, então: ‘Penso, logo existo’, que significa: penso, logo tenho consciência de mim mesmo. A conclusão se dá pela evidência lógica, racional, de que é preciso existir para pensar.

Descartes também foi um exímio matemático, fator que demonstra sua capacidade de remeter seus pensamentos de forma lógica e formal, baseando-se na reflexão e capacidade racional do ser humano.

O ARGUMENTO DO COGITO

As Meditações sobre a Filosofia Primeira compõem a tentativa de Descartes de alcançar o conjunto de princípios fundamentais da filosofia que podem ser conhecidos como verdadeiros sem qualquer possibilidade de dúvida. É importante frisar que a palavra “filosofia” designava, até fins do século XVIII, tanto o que hoje chamamos propriamente “filosofia”, quanto o que hoje chamamos “ciência”. Assim, quando Descartes procura o fundamento da filosofia, também está à procura do fundamento do que chamamos “ciência” em nosso tempo.

A Filosofia Primeira a que se refere Descartes é a Metafísica,compreendida como o estudo dos princípios do conhecimento – entre os quais estão as explicações sobre Deus e a alma e todas as noções claras e simples que estão em nós. Descartes propõe, nos Princípios da Filosofia, uma analogia da filosofia com uma árvore, na qual a filosofia primeira, ou metafísica, seria equivalente às raízes; a física, que examina a composição do universo, seria o tronco; e as outras ciências seriam os ramos da árvore.

As noções (ou ideias) claras, distintas e simples que são o objeto da metafísica são aquelas sobre as quais por serem claras, se impõem em sua verdade imediata, sendo indubitáveis e por serem distintas, não podem ser confundidas com nenhuma outra, e, quando são simples, não podem ser divididas em ideias ainda mais simples, sendo elas o resultado final da análise e o ponto de partida da construção das ideias complexas.

Para alcançar o conjunto de princípios fundamentais que constituirão a base de todo o conhecimento verdadeiro, Descartes busca um ponto de partida indubitável.

O método que utiliza para encontrar esse ponto de partida é a dúvida hiperbólica. A dúvida hiperbólica não é uma dúvida cética radical, porque o objetivo da dúvida hiperbólica não é duvidar, como os céticos fazem, da possibilidade de o conhecimento humano atingir a verdade. A dúvida hiperbólica é, pelo contrário, um método racional de investigação – é voluntária, sistemática e provisória. O objetivo da dúvida cartesiana é colocar o conhecimento sobre um fundamento seguro. Para esse fim, devemos suspender o juízo sobre qualquer proposição cuja verdade possa ser questionada, ainda que remotamente. Os critérios para o que pode ser aceito tornam-se cada vez mais restritivos, à medida em que somos convidados a duvidar do que nos é dado pela memória, pelos sentidos e até pela razão, porque isso tudo pode nos enganar.

Esse processo acaba sendo dramatizado pela figura do Deus enganador, que, para mais fácil aceitação, é tomado como o gênio maligno, que emprega toda a sua indústria para nos enganar sempre, de modo que nossas lembranças, nossos sentidos e nossa razão nos conduzam sempre ao erro.

O propósito da dúvida é encontrar um ponto de certeza que esteja a salvo do gênio maligno – certeza que Descartes formula no famoso cogito ergo sum, “penso logo existo”, que representa a descoberta de que se eu posso duvidar e acreditar que estou sendo enganado, então eu sou alguma coisa.

A partir dessa certeza fundamental, Descartes procura as próximas certezas. A primeira pergunta a partir do Cogito deve ser: “se eu sou, o que sou?” Descartes então, utiliza um método negativo para chegar a uma certeza positiva: se posso imaginar que, mesmo eu sendo algo, meu corpo e o mundo não existem, então eu não sou meu corpo nem sou semelhante ao mundo. Minha natureza, portanto, é o pensamento. Ou seja: eu sou uma alma, e a alma é a substância pensante, em oposição à substância extensa do mundo e dos corpos.

A certeza de que eu sou uma substância pensante é clara e distinta: não posso duvidar dela, e ela me aparece com distinção, como uma intuição. Intuição, para Descartes, é justamente a visão racional da evidência.

Investigando então as ideias, partindo dos dados disponíveis neste ponto, Descartes chega à conclusão de que elas são de três espécies: as ideias que têm origem fora do sujeito, fora de mim, e são resultado da apreensão do mundo pelos sentidos; as ideias que são originadas de minha imaginação; e a ideia de Deus, que não posso ter apreendido pelos sentidos, posto que não é semelhante às coisas externas, nem posso ter imaginado, visto que as qualidades de Deus (ser uma substância infinita, eterna, imutável, onipotente, onisciente e pela qual todas as coisas foram criadas) são tão grandes que eu não poderia tê-las inventado.

A ideia de Deus, portanto, só pode ter sido imprimida em minha alma pelo próprio Deus. A essa prova da existência de Deus, Descartes adiciona seu argumento ontológico, que diz que, se Deus é um ser perfeito, e a perfeição exige, além das noções de eternidade, infinitude, onipotência, onisciência, também a noção de existência, então Deus não pode não existir. Se posso conceber um ser perfeito, então esse ser perfeito necessariamente existe e é a causa da ideia de ser perfeito que tenho inata.

Com a certeza da existência de Deus, o argumento do Gênio Maligno perde sua força, pois Deus não pode enganar – ou não seria Deus.

Assim, neste ponto da argumentação das Meditações se encerra a exigência da dúvida metódica, dado que a prova da existência de Deus garante a veracidade do mundo externo (pois Deus não pode desejar me enganar, ou não seria Deus e sim um gênio maligno) e das verdades da razão, como as verdades matemáticas. A partir daqui, é possível fazer ciência, pois se construiu uma fundamentação sólida para o conhecimento verdadeiro.

Um dos aspectos mais importantes da filosofia de Descartes é a rejeição de toda e qualquer autoridade distinta da razão no processo da fundamentação do conhecimento. Descartes proclama a independência da filosofia, que deve se submeter apenas à razão – e essa independência se estende à física e a todas as ciências. As três primeiras meditações insistem justamente nessa ideia: a concepção de que apenas a razão pode, por meio de um método construído pela própria razão, garantir o conhecimento verdadeiro – claro e distinto – das coisas. Em outras palavras, a única garantia da ciência é a razão.

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