Segunda Guerra Mundial II
As devastadoras consequências para a Humanidade.
A ENTRADA DOS EUA E A VIRADA SOVIÉTICA
O presidente Franklin D. Roosevelt, que compreendia a necessidade de engajar os Estados Unidos na guerra, sofria com a resistência isolacionista do Congresso. Em agosto de 1941, Roosevelt e Churchill celebraram a Carta do Atlântico, na qual os dois líderes se comprometiam a unir forças contra as potências do Eixo. Roosevelt conseguiu do Congresso a aprovação de uma Lei de Empréstimo e Arrendamento, através da qual auxiliava os ingleses mediante a entrega de materiais de guerra. Churchill declarou que se os americanos entregassem as ferramentas, a Inglaterra faria o trabalho. A Carta do Atlântico, assinada a bordo do navio Potomac, seria uma espécie de anteprojeto da Carta das Nações Unidas, na qual os princípios liberais de autodeterminação dos povos e democracia estariam presentes.
Em 1941, o mundo assistiria a dois episódios que alterariam irremediavelmente os rumos da guerra e o equilíbrio de poder no mundo. Em junho, Hitler desencadeou a Operação Barbarossa, a qual consistia em uma nova Blitzkrieg, desta vez na frente oriental, mobilizando mais de 3 milhões de homens contra a União Soviética. Muito criticado pelos analistas militares por ter aberto uma segunda frente antes de ter obtido uma vitória significativa contra os ingleses, Hitler tencionava conquistar em pouco tempo, assim como fizera com a Polônia e a Europa ocidental, as cidades industrializadas da Rússia soviética e os campos agrícolas e petrolíferos da Ucrânia. A realidade soviética, entretanto, era muito diferente de qualquer coisa que a Wehrmacht já tivesse enfrentado. O extenso território, a estratégia de terra arrasada aplicada pelos vermelhos, a dura resistência dos comunistas e o rigor do inverno russo arrasariam os nazistas.
No outro lado do mundo, o expansionismo militar japonês colocava à prova a presença europeia e norte-americana no Pacífico. Percebendo o perigo da expansão japonesa, Roosevelt liderou um boicote de petróleo contra Tóquio. Os japoneses, acuados, não tiveram outra alternativa, senão empreender uma ousada ação militar contra os norte-americanos. Em 7 de dezembro de 1941, a rengo katai empregou 363 aviões zero de fabricação Mitsubishi para destruir a capacidade militar norte-americana na base havaiana de Pearl Harbor. Foi o maior ataque aeronaval da História até aquele momento: 188 aviões americanos destruídos no solo, cerca de 16 navios tirados de combate e mais de 2 mil mortos. Roosevelt, ao discursar no Congresso para obter a declaração de guerra, apelidou aquele domingo de “dia da infâmia”. Era o fim da política isolacionista dos Estados Unidos.
Se o ano de 1941 foi fundamental para a mudança do cenário mundial da guerra, com a entrada dos Estados Unidos no conflito e a malfadada invasão nazista à União Soviética, os anos de 1942 e 1943 desenharam um quadro caótico e irreversível para as potências do Eixo. No Pacífico, na batalha do mar de Coral, os porta-aviões americanos desempenharam uma espécie de guerra jamais vista antes, em que os aeroplanos superavam os navios em termos de elemento principal nas batalhas navais. Depois da vitória dos EUA no mar de Coral, os americanos, liderados pelo general Douglas MacArthur, venceram a batalha de Midway e iniciaram a estratégia de “saltar de ilha em ilha” até atingir Tóquio. Posteriormente, Mac Carthur ocuparia Iwo Jima, a primeira ilha japonesa e, em 1944, desembarcaria nas Filipinas, de onde começaria a fustigar os inimigos com bombas incendiárias. Os militares japoneses responderiam com o início dos ataques suicidas kamikazes.
No norte da África, região em que estavam em jogo o Império Colonial Britânico e estratégicas regiões produtoras de petróleo, os alemães enviaram seu mais brilhante general, Erwin Rommel, temido e apelidado de “raposa do deserto”. A campanha do Afrika Korps em El Alamain foi uma das mais terríveis em termos de variações climáticas. Os britânicos, entretanto, enfrentaram o brilhantismo mito de Rommel enviando o general inglês Bernard Law Montgomery.
Ainda em 1943, a batalha de Stalingrado selava a sorte dos nazistas no Leste Europeu. Travada em temperaturas médias de -40 °C, cerca de 130 mil alemães, sob o comando do general Friderich von Paulus, renderam-se famintos e debilitados aos soldados do general soviético George K. Zhukov. Stalin, não satisfeito em sobreviver ao ataque alemão, ordenou aos seus comandantes que iniciassem sem demora uma marcha rumo a Berlim, na qual os países do Leste Europeu sob domínio nazista seriam libertados. Nesta região, somente a Iugoslávia não seria libertada diretamente pelos soviéticos, pois o guerrilheiro Josip Broz, Tito, expulsaria os nazistas.
A figura acima representa a imagem da Batalha de Stalingrado.
Em janeiro de 1943, caía o elo mais frágil da corrente do Eixo: a Itália fascista de Mussolini. A Operação Husky, elaborada por Roosevelt e Churchill em Casablanca, promoveu o desembarque de tropas aliadas na Sicília. Em julho, Mussolini perderia efetivamente o controle da situação política na Itália, sendo criticado pelos próprios fascistas. Em abril de 1945, quando tentava fugir para a Suíça, Mussolini foi capturado por guerrilheiros da resistência, sendo fuzilado juntamente a sua amante, Claretta Petacci, e tendo seus cadáveres exibidos de ponta a cabeça publicamente em Milão.
AS CONFERÊNCIAS ENTRE OS “TRÊS GRANDES” E O FIM DA GUERRA
Entre 28 de novembro e 2 de dezembro de 1943, na cidade de Teerã, realizou-se a primeira conferência entre os representantes dos três grandes, Roosevelt, Churchill e Stalin. Nesta primeira conferência, ficou estabelecida a chamada “grande aliança” ou “estranha aliança” contra o nazismo. O Japão era um assunto não mencionado por Stalin, pois a União Soviética não entrara em guerra contra aquele país. Em Teerã, os três grandes concordaram em prosseguir posteriormente com as negociações para a criação das Nações Unidas. O mais importante naquele momento, porém, residia em abrir uma frente ocidental contra a Alemanha, reivindicação de Stalin que pensava que Estados Unidos e Inglaterra estavam postergando o envio de tropas para a Europa ocidental para esperarem que os nazistas e os soviéticos se destruíssem.
O Dia D, isto é, o desembarque de tropas aliadas na Europa ocidental, foi efetuado em 6 de junho de 1944 nas praias francesas da Normandia. O cineasta Steven Spielberg captou aquele momento no magistral O resgate do soldado Ryan. A chamada Operação Overlord reuniu cerca de 3 milhões de homens comandados pelo general norte-americano Dwight Eisenhower. Os generais alemães Rommel e Rundstedt prepararam as defesas da Normandia, apelidando-a como Muralha do Atlântico. A despeito das pesadas baixas aliadas, em agosto, os norte-americanos já libertavam Paris e o general De Gaulle era aclamado herói nacional.
Entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, no balneário soviético de Yalta, os três grandes dividiram a Europa em zonas de influência, cabendo, na prática, os critérios de ocupação militar efetiva como determinante para qualificar uma zona como “aliada ocidental” ou “soviética”. A União Soviética expandira de modo formidável sua faixa territorial, estendendo a influência comunista sobre os países do Leste Europeu.
A terceira e última conferência das três potências aliadas ocorreu na pequena cidade alemã de Potsdam, entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945, após a ocupação do país e o suicídio de Hitler. As três potências foram representadas por Stalin, Harry S. Truman, que substituíra o falecido presidente Roosevelt, e Clement R. Attlee, que substituiu Churchill em 28 de julho, graças à vitória dos trabalhistas nas eleições gerais de 1945.
Na Conferência de Potsdam, as potências vencedoras delineariam a Nova Ordem Mundial pós-guerra. Enquanto os Estados Unidos guiavam sua política externa pelo “idealismo wilsoniano”, a URSS garantia sua hegemonia no Leste Europeu através da ocupação militar e do apoio aos partidos comunistas dos países libertados. Apesar das conferências de Teerã e de Yalta, as potências vencedoras não chegaram a um acordo definitivo sobre a Alemanha. Em 22 de junho de 1945, a Alemanha derrotada foi dividida em quatro zonas de ocupação, onde cada comando militar assume poderes de governo. Berlim, dentro da área soviética, também foi dividida entre os aliados.
Antes da assinatura dos acordos finais da Conferência de Potsdam, outras decisões relevantes foram tomadas, como o acerto entre Grã-Bretanha e França (25 de julho) para a retirada de suas respectivas tropas da Síria e do Líbano e a formação de um Conselho para elaborar tratados de paz com Itália, Romênia, Bulgária, Hungria e Finlândia, sendo submetidos às Nações Unidas, além de propor soluções para as questões territoriais na Europa ao fim da guerra. A Alemanha acabaria sendo dividida em dois Estados distintos: a República Federal da Alemanha (ocidental), composta pelas zonas de ocupação de norte-americanos, ingleses e franceses, e a República Democrática da Alemanha (oriental), ocupada pelos soviéticos.
A figura acima representa a imagem da Alemanha oriental em vermelho e ocidental em azul:
Foi criado um Conselho de Controle Aliado, em Berlim, assumindo a autoridade dos três grandes (mais a França), que foi encarregado do desarmamento definitivo. Esta cláusula, entretanto, seria violada em 1954 pelas três potências ocidentais, que decidem remilitarizar a República Federal da Alemanha e integrá-la à Organização do Tratado do Atlântico Norte pelo temor de mobilização militar da União Soviética sobre a Europa Ocidental. O Conselho de Controle Aliado ainda tem como incumbência “desnazificar” a Alemanha, através da proibição do Partido Nazista(NSDAP), da criação de um Tribunal Militar Internacional para julgar os grandes criminosos de guerra (que culminaria com a criação do Tribunal de Nuremberg, em 20 de novembro de 1945) e da procura de mais de seis milhões de antigos membros do Partido Nazista.
Em 26 de julho, Truman apresenta a Declaração de Potsdam, um ultimato ameaçando de “imediata e extrema destruição do Japão” se o governo daquele país não proclamasse a rendição incondicional de suas Forças Armadas. O ministro japonês Kantaro Suzuki divulgou à imprensa que seu governo pretendia ignorar a Declaração de Potsdam.
Em 6 de agosto, os Estados Unidos lançam a primeira bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima(mais de 200 mil mortos) e em 9 de agosto, lançam a segunda bomba atômica, desta vez sobre a cidade de Nagasaki (mais de 80 mil mortos). Em 14 de agosto, o imperador Hirohito anuncia a rendição incondicional. Era o fim da Segunda Guerra Mundial.