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Rússia e Leste Europeu

Rússia e Leste Europeu

Em 1991, o fim da União Soviética resultou na formação de 15 novos países: Rússia, Ucrânia, Lituânia, Letônia, Estônia, Belarus, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão.

A RÚSSIA

Esses países, com exceção das repúblicas bálticas (Letônia, Lituânia e Estônia), formaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). O objetivo principal era de minimizar a crise na transição da economia planificada (socialismo) para a economia de mercado (capitalista).

Nesse cenário, a Rússia, ou Federação Russa, como esse país também passou a ser chamado, herdou o poder econômico, político e militar da antiga União Soviética (URSS).

A figura acima representa o Mapa da Rússia. 

A RÚSSIA NA ATUALIDADE

No século XXI a Rússia despontou no cenário geopolítico mundial, principalmente no aspecto econômico. Passou a atrair diversos investidores estrangeiros (principalmente de países mais desenvolvidos) que buscavam em seu território um extenso e novo mercado consumidor. Com isso passou a fazer parte do principal grupo de economias emergentes do início do século, chamado de “Brics” (formado também por Brasil, Índia, China e África do Sul).

O país também é considerado uma potência militar. Exerce uma grande influência geopolítica nos antigos países socialistas da Ásia e da Europa. Ainda existe em seu território um poderoso arsenal de armas nucleares com ogivas nucleares instaladas em mísseis de médio e longo alcance (muitas desenvolvidas durante o período da Guerra Fria) e um extenso parque industrial voltado para a produção de armamentos e veículos militares.

O TERRITÓRIO RUSSO

A Rússia apresenta um extenso território com cerca de 17.100.000 km² (o mais extenso do globo) tendo partes na Europa e Ásia, onde se distribuem cerca de 144 milhões de habitantes.

Para facilitar uma análise deste vasto território, dividimos a Rússia em grandes regiões.

Cáucaso

Localizada na porção sudoeste do país, onde se encontram cidades como Volgogrado e Krasnodar. Está junto ao mar Cáspio e ao mar Negro, na qual este segundo tem uma grande importância, pois liga a Rússia com o oceano Atlântico (o mar Negro conecta-se com o mar Egeu e na sequência o Mediterrâneo, chegando assim ao Atlântico) facilitando o escoamento de produtos nacionais e pela questão da exploração do petróleo e do gás natural.

A figura acima representa o Mapa com a Localização da região do Cáucaso. 

Rússia Ocidental

Nome dado para a parte do território da Federação Russa na Europa, onde encontram-se as cidades mais conhecidas como Moscou, São Petersburgo, Kazan e Samara. Corresponde a porção do território de maior desenvolvimento econômico e de maior densidade demográfica.

A figura acima representa o Centro Financeiro de Moscou, capital da Rússia e localizada na região mais povoada. 

Sibéria

Corresponde a porção do território da Rússia encontrado na Ásia, ou seja, na sua porção central e oriental, onde encontram-se cidades como Novosibirsk, Yakutsk e Vladivostok. É formada pela maior parte do país (cerca de três quartos do território), banhada ao leste pelo oceano Pacífico (onde encontra forte concorrência comercial junto ao Japão, China, Estados Unidos e os Tigres Asiáticos) e apresenta as menores densidades demográficas do país devido as baixas temperaturas de um clima frio.

A figura acima representa a imagem do Inverno na Sibéria e o menor povoamento do país. 

OBSERVAÇÃO
O SEPARATISMO E O CÁUCASO
Um dos problemas relacionados ao Estado russo na atualidade são as diferentes etnias presentes. Existem em seu território vários povos com tradições culturais, religiosas e valores convivendo sob a sua unidade.
A origem dos movimentos nacionalistas na região da Rússia está relacionada a questões históricas. A formação da União Soviética, por exemplo, centralizou o poder político e suprimiu as questões étnicas. Em um momento posterior, a formação da Federação Russa, possibilitou que algumas regiões recebessem maior autonomia, mas não resolveu o problema das divergências étnicas.
O interesse russo em manter a soberania sobre muitos dos territórios que buscam sua independência está associado a questões estratégicas. Muitas dessas regiões apresentam jazidas de petróleo, gás natural e minerais metálicos (como o manganês), além de serem importantes rotas de passagem de oleodutos e gasodutos.
A região do Cáucaso na Rússia (que separa a Europa Oriental da Ásia Ocidental) é a que apresenta o maior foco de tensões com relação a presença de repúblicas que buscam a independência. Observe os seguintes casos:
• A Chechênia é uma região autônoma com uma república constituída, mas que faz parte da Rússia e de maioria muçulmana. Em 1991 e 1994 esse território declarou a sua independência, mas não obteve o reconhecimento internacional e teve uma dura repressão por parte dos exércitos russos causando diversas mortes dessa população.
• Um conflito na Ossétia do Sul teve início em 2008 com o crescimento da tensão entre essa região, que teve apoio da Rússia, e a Geórgia, que buscava estabelecer uma soberania sobre esse território. Após diversos conflitos e uma atuação falha da Organização das Nações Unidas, em agosto, a Rússia declarou a independência desse território. A resposta da Geórgia a esse acontecimento foi o rompimento das relações com Moscou.
• O Daguestão é uma região autônoma que faz parte da Rússia de maioria muçulmana (maioria sunita). Em 1999 essa república se autodeclarou independente, o que levou a um aumento das tensões com relação a Rússia, que os acusa de promover um terrorismo fundamentalista em seus domínios.
Além dos casos citados da Chechênia e do Daguestão, que lutam por uma independência com relação a Rússia, existem outros territórios na região que buscam a sua libertação. É o caso da Ossétia do Sul e da Abkházia com relação a Geórgia e o Nagorno Karabakh (maioria armênia) com relação ao Azerbaijão e a Inguchétia com relação à Rússia.

O FIM DA GUERRA FRIA E A TRANSIÇÃO PÓS-SOVIÉTICA

A Rússia deixou para trás o período soviético nos anos 1990, fazendo uma transição conturbada para o capitalismo. Se durante o comunismo praticamente todas as empresas eram estatais, em questão de poucos anos todas as companhias foram privatizadas. A maioria delas foi parar nas mãos dos chamados oligarcas – influentes políticos próximos do então presidente Boris Yeltsin. Ao obter vantajosos empréstimos do governo, esses políticos arremataram empresas estratégicas do setor de energia, que passaram a ser geridas pela iniciativa privada. A transição para o capitalismo gerou aumento da inflação, da pobreza e da desigualdade social.

Imersa em um caos político e econômico, a Rússia assistiu passivamente as potências Ocidentais ocuparem sua antiga esfera de influência. A expansão da Otan, a aliança militar ocidental, e da União Europeia (UE) rumo ao leste europeu fragilizou a posição externa da Rússia. Dessa forma, países como Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Hungria e República Tcheca, que tradicionalmente gravitavam sob a órbita de influência de Moscou, se alinharam com o Ocidente.

A ECONOMIA RUSSA NO PERÍODO PUTIN

Ex-espião da KGB (o antigo serviço secreto da União Soviética), Vladimir Putin foi alçado ao poder devido à atuação de destaque na área de segurança nacional. Ele ganhou prestígio ao ordenar uma intervenção militar na Chechênia, onde grupos separatistas desafiavam o poder central.

Desde que foi eleito presidente da Rússia pela primeira vez, em 2000, Vladimir Putin tomou iniciativas para tentar recuperar a economia e restaurar a força internacional do país. Primeiramente, tratou de retomar para o Estado o controle das empresas que haviam sido privatizadas na gestão anterior. A partir desta estratégia, Vladimir Putin passou a privilegiar a exportação de recursos naturais – o país é um dos grandes produtores mundiais de petróleo e gás.

Internamente, o líder russo adotou uma postura autocrática. Vladimir Putin centralizou o poder em torno de sua liderança, minando alguns pilares da incipiente democracia russa. Entre outras ações, acabou com as eleições diretas para governadores regionais, restringiu a liberdade de imprensa e impôs forte pressão aos oposicionistas, com prisões sem justificativa clara. Como a legislação russa impede três mandatos consecutivos, Vladimir Putin foi sucedido em 2008 por Dmitri Medvedev. Mas em seu projeto de poder, Vladimir Putin continuou dando as cartas como primeiro-ministro até ser eleito presidente novamente em 2012 para o atual mandato.

Impulsionada pelas receitas com as exportações de petróleo e gás, cujos preços dispararam no mercado internacional, a economia russa cresceu a uma média anual de 7% entre 2000 e 2007. Mas, com a crise financeira mundial a partir de 2008, a queda na demanda mundial por commodities, fez as exportações de petróleo e gás despencarem. A desvalorização do rublo, por sua vez, tornou as importações mais caras, afetando setores industriais dependentes de componentes comprados no exterior. Nos anos que se seguiram à crise, o país sofreu com a queda no consumo e na renda da população.

POLÍTICA EXTERNA RUSSA: OS CASOS DA UCRÂNIA E SÍRIA

Em meio à desaceleração econômica, a Rússia ainda se viu diante de enormes desafios para a sua política externa. As revoltas que derrubaram o governo na Ucrânia, no início de 2014, deixaram o país a um passo de abandonar a zona de influência da Rússia para se alinhar aos europeus. Em um momento de grandes dificuldades econômicas, a Rússia não poderia perder um importante parceiro econômico.

Por isso, Vladimir Putin não demorou a agir. O primeiro passo foi tomar a Crimeia da Ucrânia e anexá-la à Rússia. Logo na sequência, irromperam revoltas separatistas em importantes províncias do leste ucraniano como Dontesk e Lugansk, onde também vive um grande contingente de russos. Europeus e norte-americanos acusaram a Rússia de violar a integridade territorial da Ucrânia e desrespeitar o direito internacional. Como represália, as potências ocidentais aplicaram sanções econômicas, que ajudaram a mergulhar a Rússia na recessão.

A figura acima representa o Mapa da Península da Crimeia. 

No segundo semestre de 2015, a Rússia passou a intervir diretamente no conflito da Síria, a partir de ataques aéreos. Oficialmente, a investida é contra as posições do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), mas o foco da operação russa é claramente proteger o Presidente sírio, Bashar al-Assad. Além de conquistar maior peso na comunidade internacional, a intervenção em favor de Assad, significa para Putin a manutenção de uma longa aliança com a Síria, que vem desde o período soviético. A Rússia é uma antiga fornecedora de armamentos e inteligência militar para os sírios. Esta parceria rende a Moscou o controle da base naval de Tartus no litoral da Síria. O porto é o principal acesso da Rússia ao Mediterrâneo e representa o ponto mais estratégico da Rússia no Oriente Médio.

A POLÊMICA DA INFLUÊNCIA RUSSA NAS ELEIÇÕES DOS EUA

A Rússia tornou-se um país tão influente a ponto de atrair os holofotes durante o principal evento político de 2016 – as eleições presidenciais nos EUA. Segundo a CIA, a agência de inteligência norte-americana, a Rússia hackeou os computadores do Partido Democrata e tornou públicos diversos e-mails para prejudicar a candidatura de Hillary Clinton. A ação teria como intenção ajudar o então candidato republicano Donald Trump a vencer as eleições.

Não se sabe se Trump se aliou a Vladimir Putin para prejudicar Hillary ou se a Rússia agiu por conta própria para favorecer um candidato mais alinhado com os seus interesses. Tudo isso ainda é alvo de investigação, mas o fato é que, durante a campanha, Donald Trump fez diversos elogios públicos à forma como Vladimir Putin comanda o seu país, além de compartilhar com o líder russo o forte nacionalismo e a rejeição ao globalismo. Independentemente do que possa ter acontecido, a questão deflagrou uma grave crise dos primeiros meses do governo Donald Trump.

O NACIONALISMO RUSSO

Vladimir Putin se transformou em um símbolo de uma nova onda nacionalista. A Rússia estabeleceu canais de cooperação com praticamente todos os partidos de extrema-direita dos países que fazem parte da União Europeia. Na França, Alemanha, Itália, Áustria, Holanda, Itália, as agremiações nacionalistas recebem o apoio maciço da Rússia, firmado em protocolos formais de cooperação.

Para Vladimir Putin, o apoio à extrema-direita europeia é uma forma de minar a União Europeia por dentro. O avanço dos partidos ultranacionalistas tem polarizado o espectro político europeu, muitas vezes causando fraturas na sociedade. Além disso, todas essas agremiações desafiam as políticas de integração do bloco e defendem a saída de seus respectivos países da União Europeia. Nada mais conveniente para as ambições geopolíticas de Putin do que enfraquecer, dividir e provocar instabilidade na Europa.

Apesar dos resultados econômicos decepcionantes e do crescimento de uma pequena, mas barulhenta, oposição, Vladimir Putin conquistou um novo mandato à frente do poder na Rússia. Esse respaldo doméstico lhe garante a força necessária para continuar ditando os movimentos na geopolítica mundial.