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OS MALES DA DESIGUALDADE SOCIAL

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os Males Da Desigualdade Social”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 

A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

Fugir ao tema ou que não atender ao modo dissertativo-argumentativo.

Apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

ATENÇÃO

Construa uma tese a partir do tema proposto.

Seu texto deve ser escrito a caneta, contendo entre 25 e 30 linhas;

Não copie fragmentos ou quaisquer dados dos textos motivadores;

Siga o margeamento de forma adequada;

Evite a verborragia, a coloquialidade e a interlocução;

Atribua um título ao texto

Evite a conotação e a pessoalidade.

TEXTO I

TEXTO II

DE QUEM SÃO OS MENINOS DE RUA?

Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.

Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.

Ouvindo essas expressões tem-se a impressão de que as coisas se passam muito naturalmente, uns nascendo De Família, outros nascendo De Rua. Como se a rua, e não uma família, não um pai e uma mãe, ou mesmo apenas uma mãe os tivesse gerado, sendo eles filhos diretos dos paralelepípedos e das calçadas, diferentes, portanto, das outras crianças, e excluídos das preocupações que temos com elas. É por isso, talvez, que, se vemos uma criança bem-vestida chorando sozinha num shopping center ou num supermercado, logo nos cercamos protetores, perguntando se está perdida, ou precisando de alguma coisa. Mas se vemos uma criança maltrapilha chorando num sinal com uma caixa de chicletes na mão, engrenamos a primeira no carro e nos afastamos pensando vagamente no seu abandono.

Na verdade, não existem meninos De rua. Existem meninos Na rua. E toda vez que um menino está Na rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.

No Brasil temos 36 milhões de crianças carentes. Na China existem 35 milhões de crianças superprotegidas. São filhos únicos resultantes da campanha Cada Casal um Filho, criada pelo governo em 1979 para evitar o crescimento populacional. O filho único, por receber afeto “em demasia”, torna-se  egoísta, preguiçoso, dependente, e seu rendimento é inferior ao de uma criança com irmãos. Para contornar o problema, já existem na China 30 mil escolas especiais. Mas os educadores admitem que “ainda não foram desenvolvidos métodos eficazes para eliminar as deficiências dos filhos únicos”.

O Brasil está mais adiantado. Nossos educadores sabem perfeitamente o que seria necessário para eliminar as deficiências das crianças carentes. Mas aqui também os “métodos ainda não foram desenvolvidos”.

Quando eu era criança, ouvi contar muitas vezes a história de João e Maria, dois irmãos filhos de pobres lenhadores, em cuja casa a fome chegou a um ponto em que, não havendo mais comida nenhuma, foram levados pelo pai ao bosque, e ali abandonados. Não creio que os 7 milhões de crianças brasileiras abandonadas conheçam a história de João e Maria. Se conhecessem talvez nem vissem a semelhança. Pois João e Maria tinham uma casa de verdade, um casal de pais, roupas e sapatos. João e Maria tinham começado a vida como Meninos De Família, e pelas mãos do pai foram levados ao abandono.

Quem leva nossas crianças ao abandono? Quando dizemos “crianças abandonadas” subentendemos que foram abandonadas pela família, pelos pais. E, embora penalizados, circunscrevemos i problema ao âmbito familiar, de uma família gigantesca e generalizada, à qual não pertencemos e com a qual não queremos nos meter. Apaziguamos assim nossa consciência, enquanto tratamos, isso sim, de cuidar amorosamente de nossos próprios filhos, aqueles que “nos pertencem”.

Mas, embora uma criança possa ser abandonada pelos pais, ou duas ou dez crianças possam ser abandonadas pela família, 7 milhões de crianças só podem ser abandonadas pela coletividade.   Até recentemente, tínhamos o direito de atribuir esse abandono ao governo, e responsabilizá-lo. Mas, em tempos de Nova República, quando queremos que os cidadãos sejam o governo, já não podemos apenas passar adiante a responsabilidade.

A hora chegou, portanto, de irmos ao bosque, buscar as crianças brasileiras que ali foram deixadas.

Marina Colasanti – Crônicas para jovens

TEXTO III

Nas ruas de Salvador

nunca dormiu um menino

anjo-torto sem destino

que nenhuma mãe gerou

por eles não cantam roda

por eles não batem sinos

são pequenos peregrinos

que a cidade criou

são capitães-de-areia

donos do cais da Bahia

onde a lua não clareia

onde sempre nunca é dia

Se essa rua fosse minha

eu vinha aqui passear

quando saísse de casa

mas como não tenho casa

tenho que nela morar

“se essa rua fosse minha”

não tem sentido cantar

Nas ruas de Salvador

nunca dormiram crianças

cobertas de esperança

descobertas pelo medo

dormem adultos franzinos

dormem corpos de meninos

que envelheceram cedo

dormem num corpo de homem

tendo a fome por brinquedo

Pedro Bala não tem nome

como tantos outros Pedros.

Fafá de Belém

TEXTO IV

Fonte:http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/brasil-e-4-pais-mais-desigual-da-regiao-3eh60i53c7guugsgm50reuc7i

TEXTO V

Fonte: https://de.pinterest.com/explore/desigualdade-social/?lp=true

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