Estrutura Dissertativa: Argumentação por Contraste

Além de conhecer os conectivos para construir toda a sua redação, a partir daqui você terá uma nova reflexão importante: dependendo do tema apresentado, pode ser mais relevante apresentar uma argumentação por contraste (com aspectos positivos e negativos) do que um embasamento por soma (somente argumentos positivos ou somente argumentos negativos). Por isso, ainda discutiremos novos detalhes sobre a estruturação básica do parágrafo de introdução.

Na estrutura a seguir, apresentamos uma sugestão de modelo de introdução para ser empregada com argumentos de oposição:

Relativo à/ao (+tema), é possível destacar tanto aspectos positivos quanto negativos. Se por um lado, (Arg.1); por outro, (Arg.2).

Nessa estrutura, é importante você prestar atenção à pontuação e, se possível, gravar bem a ordem de cada sinal. Ainda que não tenha segurança no uso da vírgula, do ponto e vírgula, ou do ponto final no meio do parágrafo, você conquistará a banca com uma organização perfeita. Mas como fica no exemplo mesmo?

Perceba que a adaptação das palavras é sempre necessária para que você tenha um texto mais natural e não apresente repetições indevidas. A estrutura básica é uma possibilidade de produção textual rápida e segura, o que não impede, é claro, que o candidato use outras e também tenha êxito no ENEM.

Os recursos utilizados para união das sequências textuais estão relacionados aos critérios de coesão e coerência. Nesse sentido, convém discutirmos outras possibilidades de organização estrutural. Na figura a seguir, o número 4 representa a expressão que você pode utilizar para iniciar o segundo parágrafo do texto. Em geral, trata-se de uma das possibilidades sugeridas como número 1 (início da redação), mas que ainda não foram utilizadas por você.

Vamos observar como isso acontece no texto base que tomaremos como exemplo. Perceba que os números 1 e 4 são bem parecidos.

TEXTO BASE

No que se refere às (1) manifestações políticas no Brasil nos últimos anos, é possível destacar tanto aspectos positivos quanto negativos. Se por um lado (2/3), os protestos contribuem para a manutenção da democracia no país; por outro (2/3), muitos vândalos têm se utilizado desse tipo de evento para causar transtorno à própria sociedade.

Relativo aos(4) benefícios da intervenção social organizada, percebemos que a mobilização do cidadão em protestos pode mudar o rumo de ações políticas e dar voz ao indivíduo comum. Em 2013, após grandes ações nas ruas de todo o país, a classe política veio a público reconhecer a validade das reivindicações do povo. Segundo Aristóteles, o homem é um ser social, o que nos leva a refletir sobre a crescente necessidade do engajamento da população na administração pública em países democráticos como o Brasil.

No entanto (5), em meio aos manifestantes, infelizmente indivíduos mal-intencionados aproveitam-se da grande aglomeração para praticar crimes como furto, apedrejamento e promover confrontos com os policiais. A Biologia nos mostra com Darwin que nem sempre é o mais forte quem sobrevive, mas quem se adapta a novas circunstâncias. Nesse sentido, somente o amadurecimento das ações de protesto, em nossos dias, conduzirá nossa sociedade a uma pertinente situação de igualdade e respeito.

As manifestações políticas, portanto (6), são eficientes, porém vêm se apresentando de forma cada vez mais perigosa. Nesse sentido, as escolas – sobretudo de Ensino Médio – devem educar seus estudantes sobre a relevância das manifestações como forma de intervenção popular nas decisões do Estado, por meio de debates em sala de aula com a participação de membros da sociedade civil e representantes da segurança pública. Espera-se, com isso, fazer com que as ações impensadas de alguns não invalidem um instrumento democrático tão relevante.

DICA: Caso sinta dificuldade em usar conectivos para iniciar a introdução, você pode também começar com uma boa citação. Depois de comentar esta citação e relacioná-la ao argumento apontado na introdução, você já terá um parágrafo relevante de desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO

Entre os parágrafos de desenvolvimento, também é necessário ter muito cuidado. Se você utilizou, na introdução, uma argumentação por soma (2 argumentos positivos ou 2 argumentos negativos), você deve empregar um dos conectivos de soma no número 5. Isso, porque as informações desses parágrafos não se opõem entre si, conforme você pode visualizar na imagem a seguir.

Porém, se na introdução você trabalhou com argumentação por contraste (aspecto positivo e negativo), cada parágrafo do desenvolvimento vai se ocupar de um desses aspectos, o que o levará ao emprego de conectivos de oposição entre eles, conforme na imagem seguinte:

Volte ao texto base e observe que este conectivo 5 está de acordo com o conteúdo expresso em cada parágrafo do desenvolvimento. Desse modo, a oposição da introdução se refletiu na oposição entre os parágrafos, o que se refletiu também na escolha de um conectivo de oposição entre eles.

O seu último parágrafo é de conclusão. Sua função é retomar, sem repetir palavras, a posição apresentada na introdução. Geralmente, os alunos usam essa parte do texto para inserir a proposta de intervenção. Isso é comum e favorece a organização do texto.

Outro aspecto relevante é o uso dos conectivos conclusivos. Começar a conclusão com “portanto” não é errado, mas está meio gasto. Se você quiser inovar, pode usar uma das opções apresentadas na imagem, entre elas aparece o “portanto” (deslocado e entre vírgulas) após o sujeito.

Evite comentar a estrutura do seu texto, avisando que está concluindo (concluímos que), por exemplo. Volte ao texto base e perceba como o conectivo de conclusão valoriza o parágrafo de encerramento.

SOBRE A ESTRUTURA

Como você viu neste módulo, esta estrutura facilita o momento da escrita, mas trata-se apenas de uma possibilidade. Há outras que veremos nos próximos módulos e muitas outras a serem apresentadas nas produções textuais do nosso dia a dia. Escrever bem é bem mais fácil do que você imagina.