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REALISMO E NATURALISMO BRASILEIROS

Tal qual o Romantismo, que encontrou uma conjuntura diferente, mas favorável ao estabelecimento da estética no país, o Realismo encontraria no Brasil um contexto em que seria possível o paralelo às estéticas e às críticas europeias.

De fato, o Brasil não viveu à época sua industrialização, nem mesmo houve aqui os conflitos advindos dos novos modos de produção, entretanto, a situação também não era estabelecida pelos parâmetros liberais burgueses, mas pela consolidação da imagem nacional pelo Império.

E são as crises do Império que aproximam o sentimento brasileiro às críticas europeias. A Guerra do Paraguai (1864-1870) é um duro golpe para a monarquia brasileira, que passa a receber críticas e perder representatividade junto a estratos importantes da sociedade. Mesmo saindo vencedora do conflito, a coroa pôde retomar os rumos políticos do país. Oficiais do exército eram cooptados por ideias positivistas e a ideologia republicana começava a ganhar força nos círculos militares. O mero papel de perseguidores de escravos fujões não mais representava as aspirações de soldados, sargentos e tenentes.

MEIRELLES, Victor. Combate Naval do Riachuelo, 1883

Diante do agravamento do quadro financeiro, setores mais jovens das áreas urbanas ampliam um sentimento oposicionista. Os setores médios sentem-se abandonados e engrossam as fileiras daqueles que se opõem ao regime. Um sentimento abolicionista faz-se crescer – mais por questões econômicas que por humanidade – colocando grandes escravocratas de um lado e uma emergente classe de novos produtores (sem acesso a escravos) de outro.

O Imperador, alheio às críticas que assolam o país, viaja pelo mundo em busca de ciência e artes. O sistema só se mantém graças a latifundiários conservadores que condicionam seu apoio à manutenção da escravatura. Entretanto, as pressões internacionais, econômicas e políticas são muitas e a abolição parecia inevitável. Em 1888, a abolição da escravidão marca também o fim de qualquer apoio dos escravistas senhores rurais e a República era mera questão de tempo. Um ano depois, pelas mãos do monarquista marechal Deodoro da Fonseca, os militares retiram D. Pedro II do trono, mandam-no ao exílio, tomam o poder e, assim, proclamam a República.

Mesmo tendo origem em um golpe de estado e, na verdade, não apresentasse nenhum caráter modernizante, ou qualquer proposta de reorganização da sociedade, a República goza de um grande apoio da população e, impelida por ideais positivistas, investirá no progresso do país, ainda que de forma bastante tímida, a partir da virada do século XX.

CALIXTO, Benedito. Proclamação da República, 1892

AUTORES

RAUL POMPEIA

Raul D’Ávila Pompeia nasceu em 1863 na cidade de Angra dos Reis, RJ, mas foi criado e estudou na cidade do Rio de Janeiro. Aluno do Colégio Pedro II, publicou seu primeiro livro, “Uma tragédia no Amazonas”. Estudante de Direito, passou por São Paulo, Recife até voltar ao Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo e jamais exerceu a advocacia.

Escreveu crônicas, artigos e contos até publicar, em forma de folhetim, sua principal obra: O Ateneu. Romance de caráter autobiográfico, conta as memórias do narrador-personagem Sérgio sobre seu tempo de estudante no internato Ateneu. Separado de sua mãe aos onze anos, é levado pelo pai ao colégio interno Ateneu, cujo dono, Aristarco agia como o imperador do colégio, mais preocupado com o lucro do que com a questão pedagógica.

Em um mundo de moral rebaixada, o garoto Sérgio tem contato com várias personagens, dentre elas, pederastas, aproveitadores que se passavam por protetores; e várias atitudes, como a ganância e a prepotência. Assassinato, amizades por interesse em uma sucessão de críticas ao comportamento humano. O colégio termina incendiado e assim se dá o fim do Ateneu.

O livro apresenta uma linguagem forte, de sonoridade e plástica bastante ricas. Aprenta viés naturalista – ao apresentar a degradação das personagens e o determinismo do meio no comportamento humano –, apesar de que as análises psicológicas das figuras da história situem-no mais próximo ao realismo. Entretanto, dado o caráter memorial e da forte carga emocional, calcada nas sensações do próprio autor, muitos preferem classificar o romance como impressionista.

Raul Pompeia teve uma vida boêmia e tornou-se, talvez por conta disso, um dos maiores caricaturistas sociais da literatura nacional. Forte defensor republicano e florianista, colecionou desafetos dentro dos círculos militares, especialmente após a morte de Floriano Peixoto. Sentindo-se humilhado e rejeitado, acabou por suicidar-se na noite de natal do ano de 1895.

ALUÍSIO AZEVEDO

Aluísio Tancredo Gonçalves Azevedo nasceu em São Luís, MA em 1857 em São Luís. Após os primeiros estudos na capital maranhense, mudou-se para o Rio de Janeiro onde ingressou na Academia Belas Artes. Rapidamente adaptou-se à vida na capital, respirando a política local, tornou-se um abolicionista convicto e passou a trabalhar como chargista em alguns jornais.

Após a morte de seu pai, retornou a São Luís, onde, já ligado ao jornalismo, entrou na literatura por conta de dificuldades financeiras, publicando seu primeiro romance, ainda no estilo romântico. Porém, foi em 1881, com a publicação de “O mulato”, que escandalizou a população maranhense. Era o primeiro romance naturalista da literatura brasileira e que abordava a questão do preconceito racial. Praticamente expulso da cidade, recebeu a alcunha de “Satanás de São Luís” e retorna ao Rio de Janeiro.

Na capital buscou sobreviver de seus escritos – o que justifica sua produção irregular, com muitos romances de qualidade duvidosa, feitos por encomenda –, porém acabou por largar a literatura e entrar na seara da diplomacia. Seguiu a carreira diplomática representando o Brasil em vários países. E foi na Argentina, mais precisamente na cidade de Buenos Aires, em 1903, que veio a falecer.

Seu estilo dinâmico e ágil retrata ambientes e realidades no melhor estilo das teorias naturalistas. Predominam em suas obras as descrições objetivas e fortes, criando imagens sensoriais marcantes, fazendo largo uso das sinestesias e metáforas em suas narrativas.

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