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Geração de 45: a prosa de Guimarães Rosa e Clarice Lispector

Geração de 45: a prosa de Guimarães Rosa e Clarice Lispector

A prosa do período é marcada por trilhar os rumos da geração de 30, buscando uma literatura intimista, psicológica e introspectiva.

A TERCEIRA PROSA MODERNISTA

Não só o mundo, mas também a literatura passa por grandes mudanças, reunindo manifestações extremamente avançadas ao lado de retrocessos inimagináveis. O ano de 1945 é o ano da morte de Mário de Andrade, talvez o principal nome do modernismo brasileiro, o que não significou a morte das conquistas estéticas daquela geração.

A prosa do período é marcada por trilhar os rumos da geração de 30, buscando uma literatura intimista, psicológica e introspectiva. O regionalismo é “repaginado”, ganhando uma visão nova e esteticamente improvável, recriando costumes e atentando para a fala do sertanejo, sua expressão e forma, mergulhando no pensamento do jagunço do interior brasileiro.

É na prosa que se observa a única possibilidade de afirmar a existência de uma terceira fase modernista, já que os romances produzidos dão sequência às tendências da geração anterior, mantendo uma prosa urbana, intimista e outra, de vertente regionalista. As variações se apresentam por meio de uma renovação formal e a marca de investigação dos comportamentos e atitudes do ser humano. Como diferença, esses autores não se mostram preocupados com o contexto sociopolítico, privilegiando a análise da natureza humana em vez da sociedade em que vive.

Assim, existe a busca por uma literatura intimista, introspectiva, repleta de sondagens do subconsciente das personagens. O próprio regionalismo é reinventado e contado sob nova perspectiva, adquirindo uma nova dimensão, recriando costumes e falas sertanejas, mergulhando rumo ao psicológico do homem do sertão. Se antes o sertão estava dentro dos personagens, agora é o interior da personagem que faz do mundo um imenso sertão. A preocupação com a linguagem, a criação e a precisão das palavras é uma das principais características do período. Alguns críticos classificaram os autores da geração como instrumentalistas, em referência ao uso da palavra como instrumento de expressão estética.

As narrativas são interiorizadas, marcadas pelo fluxo de consciência das personagens e sua fusão com o discurso do narrador, em uso contínuo do discurso indireto livre. Outras vezes, encontramos uma narrativa confessional, em primeira pessoa, na qual há praticamente uma relação emotiva com o leitor. A escrita aproxima-se da poesia, com grande lirismo, buscando recursos típicos da poesia para uso na prosa, como rimas, preocupação rítmica, uso de aliterações, criação de vocábulos, entre outros

AUTORES

Clarice Lispector

Nascida na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, enquanto seus pais viajavam como imigrantes para o Brasil, foi batizada como Haia Lispector. Depois de passar por algumas cidades, já órfã de mãe, vem morar com seu pai e suas irmãs no Rio de Janeiro.

Formada em direito, colaborou com jornais e acabou vivendo fora do país por ter se casado com um diplomata. Vencedora de inúmeros prêmios, desde suas primeiras publicações, escreveu livros e contos que foram traduzidos em diversos idiomas.

Vivendo no Rio de Janeiro, já separada de seu marido, publica suas obras mais conhecidas, como Laços de Família e A paixão segundo GH. Clarice escreve também literatura infantil e destaca-se em seu trabalho como jornalista, especialmente como entrevistadora. Morre em decorrência de um câncer na véspera de seu aniversário de 57 anos, em dezembro 1977, no Rio de Janeiro.

Clarice Lispector tem um estilo marcante, usando de uma linguagem inovadora para mostrar uma literatura introspectiva e intimista. Suas narrativas são psicológicas, nas quais o que importa é o interior das personagens, suas angústias, dúvidas, sentimentos e reflexões.

Ficou marcada pelo chamado ‘fluxo de consciência’ em que falas, narrativas e pensamentos do personagem se fundem em uma atmosfera imaterial, em uma exploração do psicológico e das inúmeras percepções possíveis da realidade. O monólogo interior, provocado por algum elemento cotidiano – a moderna epifania de Lispector – traz o personagem a uma conversa consigo, em que revela os conflitos interiores, os desejos e as emoções.

A complexa interpretação da vida e das pessoas não apresenta soluções, mas expõe dúvidas que buscam a identidade dos próprios leitores. É a epifania, reveladora e libertadora, que altera o tempo dos acontecimentos para ampliar a compreensão do mundo e para a descoberta do próprio personagem, motivo da mudança em sua vida.

Suas obras não são lineares, com constantes quebras de estrutura narrativa. Tempo e espaço são normalmente secundários, já que o fundamental acontece no interior das personagens. Ela mesma afirmava que nem os fatos importavam, “o importante é a repercussão do fato no indivíduo”.

Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 27 de junho de 1908. Era autodidata e ainda criança (antes dos sete anos) iniciou os estudos de diversos idiomas. Aos 10 anos mudou-se para Belo Horizonte onde se formou em 1930 pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais.

Casado e formado em medicina, exerceu a profissão no interior de MG, em Itaguara, onde teve contato com a paisagem do sertão que lhe serviu de referência e inspiração. Diplomata concursado, trabalhou em vários lugares do mundo; no Brasil, trabalhou na política, chegando a ministro de estado.

Sagarana, seu primeiro livro de contos, impressiona e demonstra as qualidades de Guimarães Rosa: a inovação na linguagem, as estruturas narrativas diferentes e as relações simbólicas que seus contos podiam estabelecer. Seguidor das orientações da geração anterior, reafirma o regionalismo, mas lhe atribui nova significação e roupagem, dando-lhe a universalidade como experiência estética. Em Grande Sertão: Veredas, apresenta uma narrativa em que se misturam experiências estéticas e de vida, mito e realidade.

Guimarães Rosa usa o regional de forma a simbolizar a própria realidade, por meio de imagens e mitos universais; recria a experiência humana e propõe uma revolução formal e estilística, com experimentalismos diversos, misturando neologismos a arcaísmos e coloquialismos, passando por invenções semânticas e sintáticas, resultando em uma linguagem que consegue captar a realidade do sertão e o universo interior das personagens, podendo recriar e reinventar o próprio mundo ficcional onde se passaria a realidade.

Considerado por muitos críticos como o maior escritor brasileiro da segunda metade do século XX, candidatou-se duas vezes a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, sendo eleito por unanimidade em 1963. Contudo, adiou a cerimônia de posse até 16 de novembro de 1967, três dias antes de sua morte, 19 de novembro de 1967, aos 59 anos.

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