Gêneros Literários e a Construção do Herói
Os gêneros não são leis nem regras fixas, mas categorias relativas dentro das quais cada escritor se move à vontade: elas é que estão a serviço dele, não ele a serviço delas.
(Massaud Moisés)
Assim como grande parte das questões relacionadas à literatura, a reflexão sobre os gêneros literários assemelha-se a uma tentativa de teorizar sobre assuntos em constante mutabilidade. A visão que temos sobre literatura ou artes de forma geral deve estar sempre vinculada às condições históricas e sociais de cada lugar e de cada tempo. E sabemos que o tempo muda e que essa mudança implica novas visões de mundo, novas formas de tratar a realidade que nos circunda. Como consequência, novos olhares sobre a literatura e seus gêneros.
Para nós, da civilização ocidental, a arte tem como referência a Grécia antiga e seus pensadores. E a partir de suas ideias, os gêneros da literatura têm sido estudados. Discípulo de Platão, que distinguia apenas poesia e prosa – “falarei em prosa, pois não sou poeta” – e estimulado por ele, Aristóteles, em sua Poética, debruçou-se sobre o assunto e ofereceu encaminhamentos inovadores, propondo a divisão dos gêneros em três modalidades:
LÍRICO, ÉPICO E DRAMÁTICO.
Observe que o vocábulo “gênero” (genus-eris), em sua acepção latina, significa geração – tempo de origem ou de nascimento. Dessa forma, já é possível perceber esse caráter de transformação próprio dos gêneros literários, à medida que cumpririam um ciclo de nascimento, desenvolvimento e morte. O gênero épico, por exemplo, tão valorizado na antiguidade, abandonou a estrutura em versos e passou a priorizar o contar histórias em prosa, o que permitiu o surgimento dos textos narrativos em forma de romance, conto, crônica, dentre outros.
Falar em gêneros, hoje, e em classificações estanques é objeto de discussão. A classificação dos textos em gêneros é por demais limitada ou segmentada para entendermos a riqueza que a literatura oferece. Sua pluralidade e complexidade, especialmente na literatura contemporânea, nos permite, inclusive, perceber que modernamente os gêneros se interpenetram em um texto, como uma prosa poética, por exemplo. Haverá sempre a predominância de características de um dos gêneros, todavia será possível encontrar traços de outro(s) gênero(s) em um mesmo texto. Hoje, com as novas mídias, antigos gêneros são modificados e novos estão surgindo com a interação entre a literatura e outras manifestações artísticas.
GÊNERO LÍRICO
A palavra lírico vem do nome de um pequeno instrumento musical da antiguidade, a lira. A melodia acompanhava os versos recitados, combinando música e literatura, duas artes em única manifestação. O gênero é a manifestação de um eu lírico, a expressão de seus sentimentos pessoais, seu mundo interior, suas emoções e impressões.
Normalmente o poeta lírico é um ser isolado, que se interessa pelos estados da alma, com suas sensações. Daí essa expressão artística ser estritamente subjetiva, interiorizando o mundo exterior, criando identificações; no plano formal, há predominância de pronomes e verbos em 1ª pessoa.
A ode, a elegia e o soneto são formas clássicas de manifestação lírica. São textos preocupados com a forma, nos quais predominam as funções emotiva e poética. A métrica, a rima e a musicalidade também ganham destaque nas obras líricas. Observe o lirismo nos versos a seguir, de Vinícius de Moraes:
A partida
Quero ir-me embora pra estrela
Que vi luzindo no céu
Na várzea do setestrelo.
Sairei de casa à tarde
Na hora crepuscular
Em minha rua deserta
Nem uma janela aberta
Ninguém para me espiar
De vivo verei apenas
Duas mulheres serenas
Me acenando devagar.
Será meu corpo sozinho
Que há de me acompanhar
Que a alma estará vagando
Entre os amigos, num bar.
Ninguém ficará chorando
Que mãe já não terei mais
E a mulher que outrora tinha
Mais que ser minha mulher
É a mãe de uma filha minha.
Irei embora sozinho
Sem angústia nem pesar
Antes contente da vida
Que não pedi, tão sofrida
Mas não perdi por ganhar.
Verei a cidade morta
Ir ficando para trás
E em frente se abrirem campos
Em flores e pirilampos
Como a miragem de tantos
Que tremeluzem no alto.
Num ponto qualquer da treva
Um vento me envolverá
Sentirei a voz molhada
Da noite que vem do mar
Chegar-me-ão falas tristes
Como a querer me entristar
Mas não serei mais lembrança
Nada me surpreenderá:
Passarei lúcido e frio
Compreensivo e singular
Como um cadáver num rio
E quando, de algum lugar
Chegar-me o apelo vazio
De uma mulher a chorar
Só então me voltarei
Mas nem adeus lhe darei
No oco raio estelar
Libertado subirei.
(Vinicius de Moraes)
GÊNERO DRAMÁTICO
A palavra drama vem do grego e significa ação. E é o “agir” que torna diferente este gênero dos demais, já que apresenta sua história contada diretamente pelos personagens. Os textos não visam ser recitados, mas encenados. O palco é o espaço deste gênero, onde atores representam os papéis das personagens, desenrolando-se por meio de diálogos, seguindo uma sequência que confira às cenas a lógica de causa e consequência.
A ausência do narrador é compensada com indicações diversas, como, por exemplo, o cenário. É comum que o gênero trate dos conflitos humanos, as relações dos homens com o mundo e a própria miséria – moral, social ou econômica – por que passam. A crítica é universal, servindo o homem como exemplar de qualquer outro, exemplificando comportamentos e sentimentos diversos como avareza, ganância, prudência entre outros.
Em sua estrutura notam-se as marcações cênicas, comuns no início de atos e cenas, em que são descritos os elementos do ambiente, a entrada de personagens e seus figurinos. Também são comuns as rubricas de interpretação, textos que surgem entre parênteses dentro das falas das personagens, para indicar ao ator as emoções ou maneiras de interpretar as falas segundo a visão do dramaturgo.
O gênero dramático compreende várias modalidades como a tragédia – que visava representar ações de consequências graves, inspirando pena e terror; a comédia – que representava o cotidiano e a crítica aos costumes, provocando o riso; e a farsa – pequena peça de caráter caricatural de crítica à sociedade, aos poderosos e aos costumes em geral.
O texto a seguir, fragmento da peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, mostra os conflitos vividos por Otávio, líder de movimento sindical e seu filho Tião, operário que fura a greve para não perder o emprego.
TIÃO – Papai…
OTÁVIO – Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é a casa de fura-greve!
TIÃO – Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia!
OTÁVIO – Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que você até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia, um traidô por convicção!
TIÃO – Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai…
OTÁVIO – Vá dizendo.
TIÃO – Que o filho dele não é um “filho da mãe”. Que o filho dele gosta de sua gente, mas que o filho dele tinha um problema e quis revolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho é um homem que quer bem!
OTÁVIO – Seu pai vai ficá irritado com esse recado, mas eu digo. Seu pai tem outro recado pra você. Seu pai acha que a culpa de pensá desse jeito não é sua só. Seu pai acha que tem culpa…
TIÃO – Diga a meu pai que ele não tem culpa nenhuma.
OTÁVIO (perdendo o controle) – Se eu te tivesse educado mais firme, se te tivesse mostrado melhor o que é a vida, tu não pensaria em não ter confiança na tua gente…
TIÃO – Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre!
OTÁVIO – Seu pai acha que ele tem culpa!
TIÃO – Tem culpa de nada, pai!
OTÁVIO – (num rompante) E deixa ele acreditá nisso, se não, ele vai sofrê muito mais. Vai achar que o filho dele caiu na merda sozinho. Vai achar que o filho dele é safado de nascença. (Acalma-se repentinamente.) Seu pai manda mais um recado. Diz que você não precisa aparecê mais. E deseja boa sorte pra você.
TIÃO – Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (encaminha-se para a porta).
GÊNERO ÉPICO
Provavelmente a mais antiga forma de manifestação literária, surgindo da necessidade de relatar as experiências dos primitivos, das batalhas e das vitórias. É possível supor que, em meio aos fatos que narravam, outros fossem sendo acrescentados, em referência a deuses ou elementos da natureza que garantiam aos guerreiros sua força e tenacidade: estava criada a ficção.
O gênero épico caracteriza-se pela presença de um narrador que, via de regra, distancia-se do assunto narrado, contando histórias de outras personagens. Esses textos eram produzidos para serem lidos diante de uma plateia e narram feitos de heróis, histórias de um povo ou de uma nação. A exaltação das personagens e de seus comportamentos nas batalhas ou aventuras é marca registrada do gênero.
Os poemas épicos são chamados de epopeias e seguem o roteiro de exaltação de heróis em batalha, forjando a história das nações. O famoso livro Os Lusíadas, de Luís de Camões é um exemplo deste gênero. No Brasil, Caramuru, de Santa Rita Durão, e O Uraguai, de Basílio da Gama, ilustram o gênero de maneira emblemática.
Originalmente, o ponto chave do gênero é a mimese, retratando a realidade de maneira verossímil e objetiva. O foco nos acontecimentos e o abandono de uma visão pessoal do narrador dão diversidade à história, seja na criação das personagens, seja na percepção dos conflitos apresentados. Leia o fragmento a seguir, trecho de Os Lusíadas de Luís de Camões.
CANTO I
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
GÊNERO NARRATIVO
Modernamente, são poucas as produções que mantêm as características do gênero épico. Muitos autores abandonaram sua denominação e características substituindo sua denominação por gênero narrativo, usado de maneira a nomear as produções que apresentem, genericamente, um enredo, além de narrador, personagens, tempo e espaço.
O conto e o romance são descendentes desse gênero, mantendo apenas algumas características formais, afastando-se da temática e da visão de exaltação a heróis, deuses e semideuses da antiguidade. A métrica foi substituída gradualmente pela prosa, que hoje parece o padrão para este tipo de produção.
O gênero narrativo apresenta como elementos:
• Personagens: podem ser planas (comportamento previsível) ou esféricas (apresentadas sob vários aspectos, comportamento imprevisível).
• Tempo: histórico ou cronológico (fatos apresentados de acordo com a ordem dos acontecimentos) e psicológico (lembranças do passado desencadeiam a narrativa).
• Enredo: conjunto dos fatos de uma história.
• Espaço: lugar onde transcorre a ação (físico, social, psicológico).
• Ponto de vista / Foco narrativo: para contar uma história, o narrador pode se posicionar de maneiras diversas. Assim, dependendo da perspectiva do narrador, uma obra literária pode ter:
– Foco narrativo em terceira pessoa: quando o narrador é apenas uma voz que não se identifica; em outras palavras, quando o narrador não é uma personagem.
– Foco narrativo em primeira pessoa ou narrador-personagem: quando o narrador é uma das personagens que vivem a história.
HERÓIS
Na literatura, nas histórias em quadrinhos, no teatro, no cinema, na televisão, o texto ficcional apresenta uma galeria de protagonistas que marcaram as nossas memórias, como o inseguro Bento Santiago, o fidalgo Dom Quixote, o angustiado Hamlet, o apaixonado Romeu, o dedutivo Sherlock Holmes, o vigilante Batman, o forte Peri ou o inteligente Indiana Jones. Protagonistas podem também ser classificados como heróis ou anti-heróis.
Em suas crenças, seus mitos e seus rituais, todos os povos – mesmo sem considerar seu estágio social ou econômico – possuem indivíduos destacados, diferentes dos demais homens daquela estrutura social. Os gregos, ao tratarem desse tema, classificaram-nos como heróis, em função de seus feitos grandiosos passados de geração a geração. Exaltados e idealizados nas crenças do povo, esses feitos, reais ou não, refletiram o que o povo desejava ser. E, até hoje, percebe-se a necessidade que o homem tem de criar os seus heróis. Na modernidade, o herói entra em conflito e se revela um ser inseguro, com fraquezas e questionamentos. Essas variações na caracterização do protagonista de uma obra permitem a classificação de três tipos de herói, elencados a seguir.
HERÓI CLÁSSICO, ÉPICO OU MEDIEVAL
Desde a antiguidade clássica grega, o herói épico é personificado como um ser invencível e tem como papel defender e proteger os fracos e oprimidos da humanidade. Segundo suas convicções, a justiça e a bondade devem prevalecer sobre tudo. Para tal, é necessário combater o mal e, nesse contexto, permitir que o bem vença. Ele sempre enfrenta o perigo com fé e disposição para vencer. Na literatura, em especial nas epopeias e nos textos medievais, heróis são dotados de grande força física e de disposição para vencer quaisquer obstáculos. Com força e coragem, levam adiante suas ações com o objetivo de construir uma sociedade alicerçada no bem e na justiça. Exemplos desse tipo de herói são os semideuses da mitologia grega e os protagonistas das epopeias como Aquiles, Hércules, Ulisses e Perseu. Na literatura brasileira, Peri, do romance O Guarani, é exemplo do herói medieval. Na essência desses personagens estão os mitos gregos reinventados ao longo dos tempos. Veja abaixo a descrição desse herói no Romantismo:
Então passou-se sobre esse vasto deserto de água e céu uma cena estupenda, heroica, sobre-humana; um espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas de água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-o até as raízes.
Três vezes os seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinaram a haste robusta; e três vezes o seu corpo vergou, cedendo a retração violenta da árvore, que voltava ao lugar que a natureza lhe havia marcado.
Luta terrível, espantosa, louca, desvairada: luta da vida contra a matéria; luta do homem contra a terra; luta da força contra a imobilidade.
Houve um momento de repouso em que o homem, concentrando todo o seu poder, estorceu-se de novo contra a árvore; o ímpeto foi terrível; e pareceu que o corpo ia despedaçar-se nessa distensão horrível:
Ambos , árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: a haste oscilou; as raízes desprenderam-se da terra já minada profundamente pela torrente.
(ALENCAR, José de. O guarani. Série bom livro. Editora Ática, São Paulo.)
HERÓI MODERNO OU PROBLEMÁTICO
Esses heróis tradicionais são encontrados na literatura moderna e contemporânea. Personagens como Chaplin, Bentinho, de Machado de Assis, Fabiano e Paulo Honório, de Graciliano Ramos, sentem-se abaixo dos homens comuns. Moralmente abatidos, expondo suas contradições e fraquezas, o herói moderno é resultante das situações de conflito que caracterizam o mundo moderno. É o homem comum que reconhece as suas inseguranças em relação ao mundo, tornando-se um herói melancólico.
Assim Machado de Assis caracteriza Félix, no romance Ressurreição, por exemplo:
Não direi que fosse bonito, na significação mais ampla da palavra; mas tinha as feições corretas, a presença simpática, e reunia à graça natural a apurada elegância com que vestia. A cor do rosto era um tanto pálida, a pele lisa e fina. A fisionomia era plácida e indiferente, mal alumiada por um olhar de ordinário frio, e não poucas vezes morto.
Do seu caráter e espírito melhor se conhecerá lendo estas páginas e, acompanhando o herói por entre as peripécias da singelíssima ação, que empreendo narrar.
Não se trata aqui de um caráter inteiriço, nem de um espírito lógico e igual em si mesmo; trata-se de um homem complexo, incoerente e caprichoso, em quem se reuniam opostos elementos, qualidades exclusivas, e defeitos inconciliáveis.
(ASSIS, Machado de. Ressurreição. Rio de Janeiro/Belo Horizonte: Garnier, 1988.)
ANTI-HERÓI
O anti-herói não é o antagonista da obra, a quem são atribuídas características negativas. O anti-herói é apresentado de forma caricatural, a ele faltam atributos físicos e/ou morais característicos do herói clássico. Em uma visão direta e simplista, o anti-herói é uma espécie de herói com imperfeições, no aspecto físico, moral, ético. Ele desconstrói a imagem do herói clássico. Mário de Andrade criou em Macunaíma um exemplo do anti-herói na literatura brasileira. Macunaíma, o herói sem caráter, demonstra, já na introdução do enredo, um conjunto de traços físicos e comportamentais que o classificam como anti-herói: foi parido como fruto do medo da noite e era feio, preguiçoso, esperto e ganancioso.
(Fonte: www.meucinelabrasileiro.com.br)
No fundo do mato-virgem, nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia Tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro, passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar, exclamava: – Ai! Que preguiça… e não dizia mais nada.
(ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Martins Fontes, 1978.)
Na cultura popular, os personagens de desenhos animados como Pica-pau e Pernalonga, por suas características, podem ser também considerados anti-heróis. Adorados pelo público, Pica-pau ficou marcado por ser esperto, travesso e mau, em especial com seus predadores, e Pernalonga personifica a astúcia e a esperteza.