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Arte medieval: Trovadorismo e Humanismo

Arte medieval: Trovadorismo e Humanismo

A Idade Média estendeu-se por mil anos, desde o século V ao século XV. Marcada por um conjunto relevante de modificações nas estruturas e relações sociais, a Idade Média muitas vezes é vista como um período de trevas e de pouco desenvolvimento, mas não, essa não é uma realidade no campo das artes.

A estruturação dos reinos, cidades ou outros ajuntamentos de pessoas por meio do senhoralismo e do feudalismo forma uma sociedade hierarquizada, da mesma forma que acaba por favorecer o desenvolvimento do comércio.

No oriente, o Império Bizantino, parte do antigo Império Romano, sobrevive e acaba por tornar-se uma grande potência, influenciando política e culturalmente a região. Por outro lado, os reinos e cidades que se formaram a partir do declínio do Império Romano do Ocidente incorporaram grande parte de suas instituições.

O fenômeno do cristianismo é pedra angular para a compreensão da visão artística da época, pois sua disseminação e influência junto às esferas políticas concederam à Igreja Católica Apostólica Romana um poder bastante grande, tanto no aspecto financeiro quanto no aspecto político-social. A proliferação de templos e igrejas, faziam da Igreja Católica uma das principais patrocinadoras da arte do período.

ARTE BIZANTINA E ROMÂNICA

A arte bizantina caracteriza-se por mosaicos de temática religiosa, retratando figuras de forma bidimensional, com figuras representadas frontalmente e verticalizadas de forma a sugerir uma visão espiritual; a perspectiva e o volume são desconhecidos da produção das imagens, representadas normalmente sobre fundos monocromáticos dourados; a predileção por essa cor está ligada à associal com o ouro.

Na arquitetura, apesar de manter os cânones romanos, como arcos e cúpulas, os bizantinos apresentaram relevantes inovações. A concepção das igrejas por meio de bases de diferentes formas integradas a cúpulas permitia a construção de edifícios cada vez maiores, que eram ricamente decorados. Um estilo que influenciou a concepção de inúmeros outros tempos pelo mundo. É notável também a influência oriental nas construções, como por exemplo a utilização de minaretes, torres originalmente de mesquitas islâmicas.

No ocidente, a arte recebe a grande influência da herança romana, em especial nas construções, fundamentalmente igrejas, caracterizada por arcos de volta perfeita, abóbodas e pouca entrada de luz, com poucas e pequenas janelas. Da simplicidade a projetos elaborados, esses edifícios mantinham por muitas vezes colunas clássicas e apresentavam a grandiosidade que caracterizou a expansão da fé católica no período.

Em relação à pintura, observa-se a mesma tendência à temática religiosa em obras que, sobretudo, ornamentavam as igrejas. Nas representações, notam-se a falta de proporcionalidade anatômica, os fundos monocromáticos ou formado por cores sólidas e a bidimensionalidade. As figuras humanas são apresentadas de forma alongada e desarticulada, característica da arte do período.

A partir do século XII, um conjunto de modificações nos padrões da arte apresenta uma nova forma de representar o mundo, era a arte gótica. Na pintura, representou o início da preocupação com a busca pela profundidade com a reprodução de elementos arquitetônicos e paisagísticos para a composição de cenários e ambientes das obras. O período mostra também o predomínio das linhas sobre as cores e a atenção aos detalhes de expressividade gestual e facial, ainda que as figuras continuem alargadas e curvilíneas.

Na arquitetura, os edifícios ganham altura, com uma tendência acentuada ao verticalismo, especialmente pelas construções com telhados piramidais. Decorações mais complexas com abundante uso de janelas e vitrais para a valorização da luz e das cores são típicas do período, que apresenta também o famoso arco em forma de ogiva, inconfundível traço da arte gótica.

TROVADORISMO

Na literatura, surge o Trovadorismo, primeira manifestação literária em língua portuguesa, identificada por suas cantigas, expressões poéticas que eram apresentadas com acompanhamento musical, típicas expressões do gênero lírico. Os nobres que compunham as poesias e as melodias chamavam-se trovadores e rejeitavam a utilização deste título por aqueles que não tivessem sua classe social. Aos artistas de classe “inferior” (que se auto intitulavam trovadores também) dava-se o nome de jograis ou menestréis.

As letras retratavam o pensamento teocêntrico da época e transferiam as relações sociais feudais para as relações pessoais, criando a vassalagem amorosa, na qual o homem corteja a dama em um amor impossível, idealizado. As cantigas, de acordo com suas características, poderiam classificar-se como cantigas de amor, de amigo ou escárnio e maldizer.

CANTIGAS DE AMOR

Nessas cantigas, há um eu lírico masculino representando o cavalheiro em plena vassalagem amorosa: a idealização da mulher amada, sempre distante e inatingível. É um amor platônico, existente apenas em sonho e cabe apenas ao cavalheiro colocar-se a serviço da dama, pois pertencem a níveis sociais distintos. Daí surge o acentuado sofrimento amoroso, cujo lirismo representa-se na vitimização do eu-lírico, chamada “coita d’amor”

Ai eu coitad! E por que vi
a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi,
nunca já mais prazer ar vi;
ca de quantas donas eu vi,
tam bõa dona nunca vi.

Tam comprida de todo bem,
per boa fé, esto sei bem,
se Nostro Senhor me dê bem
dela! Que eu quero gram bem,
per boa fé, nom por meu bem!
Ca pero que lh’eu quero bem,
non sabe ca lhe quero bem.

(Pero Garcia Burgalês)

CANTIGAS DE AMIGO

As cantigas de amigo têm uma característica peculiar: seu eu lírico é feminino. Não que isso deva ser confundido com a autoria de mulheres; eram os homens que escreviam, mas usando a voz feminina na construção poética.

Nessas cantigas a mulher sofre por se ver separada de seu amor, chamado “amigo”, representado normalmente por um cavaleiro que saiu às batalhas. Assim, a temática é a angústia e a preocupação da mulher com a vida de seu amado, a dúvida se ele voltará um dia, tanto por conta dos perigos das guerras, tanto por conta do medo de que ela seja trocada por outra. É, de fato, uma confidência feminina que, por muitas vezes, utiliza-se de personagens auxiliares como confidentes, como a mãe, a irmã, a aia ou mesmo elementos da natureza, formando uma estrutura poética que aproxima-se de um diálogo.

Non poss’ eu, madre, ir a Santa Cecília
ca me guardades a noit’ e o dia
do meu amigo
Nom poss’ eu, madre, aver gasalhado,
ca me non leixades fazer mandado
do meu amigo.
Ca me guardades a noit’ e o dia;
morrer-vos-ei con aquesta perfia
por meu amigo.
Ca me non leixades fazer mandado,
morrer-vos ei con aqueste cuidado
por meu amigo.
Morrer-vos ei con aquesta perfia,
e, se me leixassedes ir, guarria
con meu amigo.
Morrer-vos ei con aqueste cuidado,
e, se quiserdes, irei mui de grado
con meu amigo
(Martim de Guizo)

gasalhado – sossego
mandado – vontades
perfia – traição
guarria – viveria bem

CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER

Essas cantigas apresentavam sátiras políticas, sociais e maledicências pessoais. Nas cantigas de escárnio, havia um sem número de trocadilhos, ambiguidades e indiretas, pois não se revelava o nome do alvo da crítica, estimulando a imaginação de todos, por meio do uso de uma linguagem irônica e de muitos recursos retóricos. As cantigas de maldizer eram sempre dirigidas a alguém de forma direta, a quem se critica os costumes ou a aparência, de forma direta, sem rodeios, com, muitas vezes, agressões verbais e utilização de palavras chulas e xingamentos ao “maldito”.

Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

(João Garcia de Guilhade)

Loar – louvar, elogiar
Sandia – louca

HUMANISMO

No final do século XIV, tem início o que muitos costumam chamar de “trecento”, o primeiro momento do Renascimento. O que se vê, de fato, é o surgimento de um movimento intelectual que inicia a transição do pensamento medieval para uma forma diferente de enxergar o mundo.

Inspirando-se nas civilizações da antiguidade, a arte e a filosofia voltam-se à humanidade, em um pensamento antropocêntrico, valorizando a razão, a busca de maiores conhecimentos sobre o homem e a natureza, elaborando um pensamento crítico sobre o mundo a sua volta. É a tentativa de desenvolver a plenitude do potencial humano.

Na literatura, há abundância de prosas e poesias palacianas, dirigidas à nobreza. É neste período que a poesia separa-se da música e, talvez por isso mesmo, apresente certo “empobrecimento” poético, devido a menores requintes e exigências. Os temas relacionam-se diretamente a assuntos da vida palaciana e apresentam a visão de mundo da nobreza e da fidalguia; não era de se estranhar, visto que eram esses nobres e fidalgos que as escreviam. O tema do amor ganha maior sensualidade e a figura feminina já não é vista de forma tão idealizada quanto no trovadorismo, uma das influências do antropocentrismo que surgia.

PROSA MEDIEVAL

A prosa do período é marcada pelas narrativas simples, de heróis cavaleiros e damas apaixonadas. Eram as novelas de cavalaria, que contavam as aventuras e os feitos desses cavaleiros, além de seus amores. É uma literatura ingênua e simples, mas de imenso sucesso e que venceu os tempos, tornando-se, por muitas vezes, fonte de inspiração para muitas histórias da atualidade.

Formada por vários “ciclos”, que apresentavam o herói ou sua origem (o ciclo clássico apresentava heróis da antiguidade; o ciclo bretão, Rei Artur e seus cavaleiros etc), as novelas ou romances de cavalaria foram bastante populares em Portugal, das quais se destacam Tristão e Isolda, Amadis de Gaula, História de Merlim e a Demanda do Santo Graal.

Outro gênero de destaque na prosa são as crônicas históricas, que iniciaram os estudos historiográficos portugueses, relatando, especialmente, a vida dos reis de Portugal. Merece destaque o escritor Fernão Lopes, o principal representante deste tipo de crônica.

TEATRO HUMANISTA

Entretanto, é no gênero dramático que traz o principal nome da arte portuguesa do período: Gil Vicente. Dramaturgo versátil e talentoso, criou uma linguagem própria no teatro, fazendo obras de caráter popular, com objetivo de criticar a sociedade ao mesmo tempo em que levava mensagens moralizadoras. Assim, suas encenações retratavam os costumes e o comportamento da sociedade em sua época, além de mostrar os tipos que a compunham.

Dotado de elevado grau de crítica social, seus trabalhos, de caráter universal, traziam muitas vezes caricaturas de personagens e alegorias de forma quase didática para ensinar virtudes e expor mazelas no comportamento das pessoas. Usando de temas pastoris, profanos e religiosos, sempre se atendo ao cotidiano, apresentava e criticava com humor e comicidade as condutas de diversos integrantes da sociedade, aflorando ao final o caráter moralizante que caracterizava sua produção.

Escreveu autos e farsas. Nos autos, peças curtas normalmente compostas por um único ato, Gil Vicente abordava temáticas religiosas com linguagem simples e direta, cujo elemento preponderante era a enunciação de uma moral. Entre sua produção elevada, destacam-se o Auto da Feira, o Auto da Alma, o Auto da Barca do Inferno, o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória, entre tantos outros.

As farsas, obras igualmente curtas, porém com caráter caricatural acentuado, voltavam-se às encenações de caráter popular, com temas cotidianos, de caráter cômico. Quem Tem Farelos?, O Velho da Horta e a Farsa de Inês Pereira figuram entre as suas principais obras neste estilo.

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