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A Construção do Texto Poético: Estrutura e Expressão

A Construção do Texto Poético: Estrutura e Expressão

Aprenda sobre a Construção do Texto Poético. 

OS ASPECTOS CONSTITUTIVOS DO POEMA

Passamos agora a estudar a linguagem e os recursos linguísticos utilizados na construção de obras artísticas. O poema é um objeto poético, não se confundindo com a poesia, um gênero de composição. Portanto, o poema é forma enquanto a poesia é abstrata e imaterial. Pode haver poesia sem que haja o poema ou quaisquer de suas formalidades; isso ocorre, por exemplo, nas prosas poéticas.

Por sua formalidade, o poema é constituído por versos, uma sucessão de sílabas e fonemas que se organizam como uma unidade rítmica e melódica, correspondente a cada uma das linhas de um poema. Os versos se organizam em estrofes, um simples agrupamento de versos. O número de versos que compõe uma estrofe é variável e para cada um deles há uma classificação específica:

• dístico: dois versos
• terceto: três versos
• quarteto ou quadra: quatro versos
• quintilha: cinco versos
• sexteto ou sextilha: seis versos
• sétima ou septilha: sete versos
• oitava: oito versos
• nona: nove versos
• décima: dez versos

O conjunto de versos (ou, mais raramente, o verso único) que se repete ao final de estrofes tem o nome de estribilho. Enjambement (cavalgamento) é o nome dado ao verso que tem sua unidade sintática completada em outro verso:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.

(Augusto dos Anjos)

Sabemos também que a criação de versos caracteriza-se por uma linha melódica, cujos principais recursos são a rima, o ritmo e a métrica.

RIMA

É a coincidência fonética entre as vogais tônicas de duas palavras e os fonemas que lhe seguirem. Normalmente a rima é um recurso melódico usado no final dos versos.

Quando um verso apresenta uma coincidência melódica com outro, origina uma rima externa (entre versos). Em outros casos, a rima se dá entre duas palavras de um mesmo verso, sendo classificada como rima interna.

Quando externas, as rimas podem apresentar-se alternadas, emparelhadas ou interpoladas. São alternadas quando o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo com o quarto, por exemplo, (ABAB); chamam-se emparelhadas as que seguem o esquema
AABB; e intercaladas, ABBA:

Por água brava ou serena    A
Deixamos nosso cantar,     B
Vendo a voz como é pequena   A
Sobre o comprimento do ar.    B

(Cecília Meireles)

Filho meu, de nome escrito   A
da minh’alma no infinito.   A
Escrito a estrelas e sangue   B
no farol da rua langue…   B

(Cruz e Sousa)

Como ama o homem adúltero o adultério    A
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,    B
Amo o coveiro – este ladrão comum    B
Que arrasta a gente para o cemitério!    A

(Augusto dos Anjos)

Existem ainda versos que não apresentam rimas entre si; esses são chamados versos brancos:

Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe imigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.

(Carlos Drummond de Andrade)

As rimas também são classificadas por outros aspectos, podendo ser perfeitas, imperfeitas, pobres, ricas, raras e preciosas. São perfeitas as rimas que há coincidência entre os sons finais a partir da vogal tônica (bola/escola, funil/barril); são imperfeitas aquelas que.

1. apresentam metafonia, que é a diferença de timbre entre as vogais (estrela/vela);

2. apresentam semelhança fonética, mas não exata igualdade (cais/paz);

3. rimam parcialmente (vertigem/virgem).

São ricas as rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes (mar/cantar, dor/compor) e pobres aquelas entre palavras de mesma classe (amor/dor, amar/cantar); São chamadas de raras, aquelas cujas terminações sejam difíceis e em pequeno número na língua (cisne/tisne). Por fim, diz-se preciosa a rima que se utiliza de mais de uma palavra para ser realizada; normalmente, essas rimas apoiam-se na estrutura enclítica dos pronomes ao verbo para criar seu efeito: (vê-lo/selo, segui-lo/tranquilo).

RITMO

Consiste na alternância entre as sílabas tônicas e átonas das palavras que compõem um verso. Essa disposição gera uma alternância de intensidade entre as sílabas, marcando pontos em que se aumenta ou diminui a acentuação e, por consequência a tensão do verso.

MÉTRICA

Se o ritmo trata da disposição das sílabas em um verso, a métrica trata da quantidade de sílabas que nele se faz presente. A divisão de um verso em suas sílabas poéticas chama-se escansão.

Deve-se tomar cuidado, pois não há correspondência exata entre as sílabas gramaticais e poéticas. Para realizar a escansão, deve-se seguir as seguintes regras:

• Contagem até a última sílaba tônica dos versos.

• Ligação de vogais átonas finais com vogais subsequentes.

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

(Vinícius de Moraes)

FENÔMENOS MÉTRICOS

• Elisão: supressão da vogal átona final de uma palavra pela vogal inicial da palavra seguinte.

Mas / que / se / JA IN / fi / ni / TO EN / quan / to / du / re.

• Crase: fusão de sons vocálicos iguais.

De / le / SE EN / can / te / mais / meu / pen / sa / men / to.

• Hiato: Separação de sons interverbais.

E vaga
Ao luar
Se apaga
NO AR

• Sinérese: união do hiato interno em uma só sílaba.

Lan / ça a / POE / si / a

• Diérese: divisão do ditongo em duas sílabas.

En / quan / to hou / ver / no / mun / do / SA / U /da / de

Os versos de um poema que não apresentam uma regularidade métrica são chamados de livres em oposição aos regulares cuja métrica se repete e que podem se classificar de acordo com o número de sílabas poéticas:

• monossílabo – uma sílaba poética
• dissílabo – duas sílabas poéticas
• trissílabo – três sílabas poéticas
• pentassílabo ou redondilha menor – cinco sílabas poéticas
• heptassílabo ou redondilha maior – sete sílabas poéticas
• octossílabo – oito sílabas poéticas
• decassílabo – dez sílabas poéticas
• alexandrino – doze sílabas poéticas
• bárbaros – mais de treze sílabas poéticas

Outras medidas de verso são possíveis, apesar de raras. Existem versos regulares de quatro, seis, nove catorze e até dezesseis sílabas, contudo, por sua raridade são classificados por alguns como exóticos ou de métrica exótica.