Estude com quem mais aprova. escolha um plano e faça parte dos milhares de alunos que são aprovados todos os anos com o Proenem
Search

Estude para o Enem totalmente grátis

A Primeira Guerra Mundial – Contexto Histórico

A Primeira Guerra Mundial – Contexto Histórico

O primeiro grande conflito do século XX é denominado pela atual historiografia de “Primeira Guerra Mundial”.

CONTEXTO

O nome, entretanto, jamais foi utilizado nos quatro anos do conflito, até mesmo porque não existia uma perspectiva de que pudesse ocorrer outra guerra tão terrível. O presidente norte-americano Woodrow Wilson chegou a declarar que era uma “guerra para acabar com todas as guerras”. O idealismo de Wilson estava equivocado. Entre 1914 e 1918, o conflito era denominado simplesmente “A Guerra” ou a “Grande Guerra”, como demonstram, por exemplo, as matérias escritas pelo correspondente Júlio Mesquita, do jornal O Estado de S.Paulo, que mantinha o público brasileiro a par dos acontecimentos europeus.

Oficialmente, narra-se que a Primeira Guerra Mundial começou devido ao assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria‑Hungria por um nacionalista sérvio. Os antecedentes da guerra, entretanto, são apresentados em um quadro político europeu complexo, no qual o homicídio de um líder político não passa apenas de uma faísca que desencadeia todo um processo de explosão que já estava prestes a ser detonado.

Inicialmente, poderíamos relembrar a hipótese de Lênin de que a Guerra Mundial foi uma consequência direta dos choques entre as potências imperialistas europeias. O Congresso de Berlim foi um fracasso em termos de contenção destas diferenças, pois os interesses coloniais acabaram fazendo com que os países resolvessem suas diferenças políticas na última instância jurídica: os campos de batalha. Ademais, o acirramento das desconfianças entre as potências europeias fomentou um clima de insegurança continental, que alimentou a corrida armamentista, fenômeno também conhecido como “paz armada”. A Paz Armada (1871-1914) se desenhou como um período em que ocorreu intensa corrida armamentista, em que as nações buscaram ampliar sua capacidade bélica, produzindo novas tecnologias de guerra, fortalecendo simultaneamente suas fronteiras. Entretanto, não houve confronto direto entre países, por isso falamos de uma relativa paz.

A vanguarda industrial alemã, no fim do século XIX, desafiava o poderio britânico, inclusive no domínio dos mares e oceanos.

O sistema de diplomacia secreta, organizado ainda no século XIX, envolveria praticamente todo o continente na guerra através de um efeito dominó. A partir do momento em que uma potência fizesse uma declaração de guerra contra outra, a Europa toda seria arrastada para o conflito. O choque entre o expansionismo russo rumo ao Mediterrâneo e o conservadorismo austro-húngaro na região balcânica seria a gota d’água para o sistema de diplomacia secreta entrar em ação. Bismarck, que sempre tentou manter uma política alemã neutra para evitar a guerra, foi forçado a tomar partido na questão entre austro-húngaros e russos, optando por Viena-Budapeste por temer que os russos e os franceses pudessem realizar uma guerra de duas frentes contra a Alemanha. Desta forma nasceu, em 1879, o Tratado Renovado, em que Alemanha e Áustria-Hungria se comprometiam a unir forças militares no caso de um ataque da Rússia czarista. Em 1882, a Itália, a mais frágil das potências imperialistas, aliou-se aos alemães e austro-húngaros para obter aliados em sua jornada imperialista, não obstante ter pretensões territoriais sobre o Trento e Triste, regiões sob domínio austríaco. Era o nascimento da Tríplice Aliança. Em 1894, em contrapartida, Rússia e França celebraram uma aliança militar defensiva em caso de ataque alemão, que seria reforçada em 1907 pela Inglaterra.

Ademais, os nacionalismos exacerbados — germanismo, eslavismo e revanchismo francês — ajudavam a criar o clima de iminente conflito. Estava pronto o tabuleiro de xadrez que conduziria a Europa ao seu primeiro grande conflito desde as guerras napoleônicas.

A “Grande Guerra” ou “Guerra Mundial”, apresentou uma série de inovações, tais como a participação de todas as potências mundiais, inclusive os Estados Unidos e o Japão, e batalhas ocorridas na Europa e fora do Velho Continente, como os combates navais no Atlântico Sul e em Gallipoli, que envolveu tropas australianas contra soldados do Império turco-otomano. As colônias das potências europeias também sofreriam os efeitos da guerra, contribuindo com bens materiais e, até mesmo, com o envio de tropas, como soldados senagaleses, que lutaram ao lado dos franceses. A guerra apresentou, ainda, inovações nos campos de batalha, como a estreia das armas químicas, dos tanques de guerra, dos aeroplanos e dos submarinos. O conflito, contudo, ficou marcado pela guerra de trincheiras. O emprego de eficientes armas de fogo e a inexistência de meios eficazes para desalojar os inimigos das linhas de defesa exigiram um grande tributo em termos de inválidos e mortos. O veterano alemão Erich Maria Remarque registrou suas memórias de guerra em Nada de novo no front. Estima-se que cerca de dez milhões de pessoas morreram durante a guerra, incluindo a população civil, atingida invariavelmente de modo indiscriminado. As mulheres também participaram do conflito, atuando como enfermeiras e operárias nas indústrias de armamentos, o que legitimaria as exigências de feministas para a obtenção dos direitos civis no pós-guerra.

Antecedentes

A GUERRA

O conflito teve início, conforme afirmado, quando Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria‑Hungria, foi assassinado por um nacionalista sérvio. Os austro-húngaros encontravam-se em uma situação delicada, enfrentando o expansionismo russo e a pretensão sérvia de criar uma “Grande Sérvia”, ou Iugoslávia, à custa dos territórios sob domínio de Viena-Budapeste. Os austro-húngaros, incitados pelos alemães, declaram guerra aos sérvios. O czar Nicolau II mobiliza, então, cerca de 1 milhão de homens na fronteira do país com a Áustria-Hungria e a Alemanha. A guerra começava. Os alemães, com a experiência das guerras de unificação do século XIX, esperavam que a guerra, iniciada em agosto, estaria concluída em dezembro. O Estado Maior alemão, aplicando o Plano Schlieffen, ataca simultaneamente os russos e os franceses, através da Bélgica. O desrespeito à neutralidade belga acabaria envolvendo os ingleses na guerra. Na frente oriental, alemães e russos estacionam suas ações após a batalha de Tannenberg. Na frente ocidental, a batalha do Marne marca a estabilização da guerra através da imobilidade das trincheiras. O conflito, que começara com a mobilização militar das tropas, manter-se-ia estático até o ano de 1917.

Em 1915, a Itália, através do Pacto de Londres, abandona a Tríplice Aliança e passa a apoiar a Tríplice Entente. Os italianos esperavam obter vantagens territoriais coloniais e territórios austríacos após a guerra. As expectativas italianas, contudo, não seriam totalmente atendidas. Em 1916, nas batalhas de Verdun e Somme, cerca de 600 mil soldados morreram em um dos mais terríveis episódios das guerras de trincheiras. O conflito, contudo, somente começaria a sofrer alterações significativas no ano seguinte.