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Tipos de Indústria e Localização Industrial

Tipos de Indústria e Localização Industrial

As indústrias podem ser classificadas através de diversos aspectos.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO FATOR HISTÓRICO

• Artesanato – Produção que prevaleceu da Antiguidade até o século XVI em que o produtor utilizando suas próprias ferramentas executa todas as fases do trabalho em um lugar próprio. Vale destacar que empregava grande quantidade de mão de obra e que a maior parte da produção era voltada para o próprio consumo.

• Manufatura – Representa a forma mais avançada da produção manual em que o artesão vendia a sua força de trabalho para um comerciante que fornecia as ferramentas, a matéria-prima e o local de trabalho. Nesse caso a produção era voltada para uma maior quantidade de consumidores (locais ou de cidades vizinhas). Vale destacar que nessa produção era empregada uma grande quantidade de trabalhadores.

• Maquinofatura – Tipo de indústria que surgiu no século XVIII na Inglaterra através do aparecimento de máquinas que substituíram a energia do homem pela energia a vapor e posteriormente pela elétrica.

CLASSIFICAÇÃO COM RELAÇÃO A QUANTIDADE DE CONSUMO DE MATÉRIA-PRIMA E DE ENERGIA

• Indústria Pesada – Representadas por aquelas que consomem grande quantidade de energia e matéria-prima produzindo itens acabados e semiacabados. São exemplos a Siderúrgica e a produtora de máquinas que fabricam veículos automotores.

• Indústria Leve – São aquelas que consomem menos matéria-prima e energia e que estão mais dispersas no espaço, produzindo bens de acesso ao mercado consumidor. São exemplos a indústria de alimentos, medicamentos, calçados e bebidas.

CLASSIFICAÇÃO COM RELAÇÃO AO NÍVEL TECNOLÓGICO

• Industrias Tradicionais – Geralmente apresentam uma origem familiar sendo assim mais antigas, com pouco nível de automação e empregando grande quantidade de mão de obra. São exemplos a indústria de tecidos, bebidas e alimentos.

• Indústrias Modernas – Geralmente estão associadas a grandes grupos financeiros, com elevado nível de automação e atingem grandes mercados nacionais e internacionais. São exemplos a indústria automobilística e eletroeletrônica.

CLASSIFICAÇÃO COM RELAÇÃO À FINALIDADE E O DESTINO DA PRODUÇÃO

• Indústria de bens de consumo – São aquelas em que a produção é destinada para o consumidor final. Podem ser divididas em:

– Bens de consumo não duráveis – bens que se extinguem com o uso (alimentos, calçados, roupas e medicamentos, por exemplo).
– Bens de consumo duráveis – bens que não se extinguem com o uso (automóveis e eletrodomésticos, por exemplo).

• Indústria de bens de produção ou capital – São aquelas que produzem matéria-prima ou equipamentos para outras indústrias

de Base (bens de produção) – produzem matéria-prima para outras indústrias (siderúrgicas e metalúrgicas, por exemplo).

Intermediária (bens de capital) – produzem acessórios, ferramentas e máquinas para outras indústrias (máquinas industriais e lâmpadas, por exemplo).

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO

• Industrialização Clássica – Industrialização que teve início no século XVIII na Inglaterra e que apresentou um longo processo de evolução e de aperfeiçoamento de suas tecnologias. Corresponde as atuais indústrias dos países desenvolvidos (exemplos: Inglaterra, França e Estados Unidos).

• Industrialização Tardia – Industrialização que se iniciou após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) em que os países buscaram a produção interna de bens que antes eram importados (Substituição de Importações). Corresponde as atuais indústrias dos países emergentes e/ou subdesenvolvidos (exemplos: Brasil, México, Egito e África do Sul).

• Industrialização Planificada – Industrialização que se desenvolveu em países que durante o século XX adotaram o sistema socialista em que as indústrias eram estatais e preferencialmente de base, dando menos importância a de bens de consumo (exemplo: Polônia, Hungria e China).

A DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA PELO MUNDO

A imagem anterior mostra as principais concentrações industriais do planeta e nos permite uma rápida conclusão: o fenômeno industrial apresenta-se de forma bastante desigual no espaço geográfico mundial, pois existem grandes manchas industriais e imensas áreas em que a produção industrial ainda está ausente ou é pouco relevante. Além disso, é evidente que as fábricas não se localizam de forma aleatória no espaço; na verdade, elas buscam locais que possuam características capazes de reduzir os custos de produção e aumentar os lucros. Ou seja, as empresas buscam vantagens ou fatores locacionais para instalarem suas unidades de produção.

Para compreender a distribuição de fábricas pelo mundo é importante entender que as necessidades industriais variam de acordo com a época e com os produtos fabricados. Isso porque cada indústria vai buscar uma localização que possibilite a redução de custos produtivos, a maior proximidade de mercados consumidores ou qualquer outro fator que permita a ampliação da escala produtiva e do capital obtido. E como os produtos fabricados e as necessidades industriais são variáveis de acordo com o tempo e com o espaço, a Geografia das Indústrias também tem sofrido alterações desde o final do século XVIII.

Dentre as indústrias tradicionais, ligadas à Primeira e à Segunda Revolução Industrial, predominam como fatores locacionais:

• matérias-primas;
• fontes de energia;
• mão de obra;
• mercado consumidor ;
• infraestrutura de transporte.

Com o desenvolvimento de novas indústrias e novas tecnologias, outros fatores se tornaram muito importantes, como:

• rede de comunicações;
• incentivos fiscais;
• mão de obra qualificada

Dependendo do tipo de indústria, cada um dos fatores locacionais passa a ter maior importância, sendo assim o fator que mais influencia na localização de uma indústria. Um exemplo é o caso da Inglaterra na Primeira Revolução Industrial (século XVIII), em que as fábricas se localizavam próximas as importantes jazidas de carvão mineral, estando assim espacialmente concentradas.

Contudo, as indústrias contemporâneas e mais tecnológicas não necessariamente possuem as mesmas demandas de localização que as indústrias tradicionais. Ligadas à Revolução Técnico-Científica-Informacional (também chamada de 3ª Revolução Industrial), tais fábricas buscam outros locais, e têm promovido uma nova lógica de localização industrial. Para tais indústrias de ponta, a disponibilidade de mão de obra altamente qualificada e de redes informacionais velozes e estáveis costumam ser os fatores mais determinantes em sua localização – ao passo que não importa tanto a localização das matérias-primas, por exemplo. Sendo assim, as indústrias de alta tecnologia costumam localizar-se nos tecnopolos.

Desta forma, nota-se que efetivamente a Geografia das Indústrias sofreu muitas modificações ao longo do tempo: afinal, num primeiro momento, principalmente entre os séculos XVIII e XX, se consolidou uma forte concentração industrial. Tal concentração de fábricas em alguns poucos locais promoveu uma forte metropolização, ou seja, o surgimento de grandes metrópoles cuja economia era fortemente baseada na indústria. Porém, a partir da metade do século XX (e principalmente a partir dos anos 1970), o desenvolvimento de novas tecnologias, a melhora nos transportes e nas telecomunicações promoveu uma forte dispersão industrial. Essa desconcentração fabril colaborou para a diminuição do ritmo de crescimento das grandes metrópoles, ou seja, para uma desmetropolização, já que as fábricas que ali estavam se espalharam para cidades de médio porte, seja no mesmo país ou em outros lugares do mundo.

OBSERVAÇÃO

Tecnopolos – Região ou local que é marcada pela presença e contato entre universidades, centros de pesquisa e polos industriais ou fabris.
Desmetropolização – Povoamento de cidades pequenas e médias que ocorre através da migração de pessoas vindas dos grandes centros urbanos motivada pela desconcentração industrial.

OS PRINCIPAIS FATORES LOCACIONAIS

Como dito anteriormente, as indústrias não se localizam de forma aleatória no espaço. Contudo, na escolha da localização de uma indústria, não é considerado somente um fator, mas sim todos aqueles que são benéficos àquele tipo de indústria ou naquele momento histórico. Sendo assim, indústrias do século XIX buscavam vantagens locacionais diferentes das indústrias do século XXI.

Por exemplo, as indústrias do século XVIII, precisavam, quase em todos os casos, ficar próximas à sua matéria-prima de fonte energética – o carvão mineral. Em 2018, porém, a maioria das fábricas não precisa se instalar próxima a fontes de matéria-prima, pois a melhora dos transportes permite levar esta matéria-prima até os locais de produção industrial. Contudo, é claro que há exceções, de acordo com o tipo de produto fabricado. Um exemplo é o caso das indústrias mineradoras, que se localizam em lugares onde a matéria-prima está disponível.

Sendo assim, vale a pena destacar alguns dos principais fatores locacionais e as suas respectivas características:

• Capitais: não é possível instalar e colocar em funcionamento uma indústria sem recursos financeiros, pois são esses que dão subsídio para a construção da edificação, para obter a área, aquisição de equipamentos e máquinas e todos os elementos necessários para o início da produção. Logo, é necessário ter capital produtivo (para ser investido na construção da fábrica). Por sua vez, o capital financeiro colabora dando mais recursos para que a indústria possa expandir suas atividades.

• Energia: a utilização de energia é indispensável para mover as máquinas e equipamentos, e ao escolher um local para instalação de um empreendimento é preciso verificar qual fonte enérgica está disponível e a quantidade oferecida, pois o custo de instalação de uma fábrica é muito elevado e não pode haver falta de energia durante o processo produtivo. No passado, era necessário estar muito próximo às fontes de carvão mineral. Hoje, o petróleo é a fonte de energia mais utilizada, e até por ser mais fácil de transportar e armazenar do que o carvão mineral, permite que a maior parte das indústrias possa ter mais flexibilidade na hora de escolher o local de instalação.

• Mão de obra: dentro de um sistema capitalista, as pessoas vendem sua força de trabalho em troca de um salário, que é usado para garantir a manutenção do trabalhador e de sua família. E por muito tempo a maioria absoluta das indústrias estiveram instaladas em grandes centros urbanos, por serem locais com melhor infraestrutura, maior mão de obra e mercado consumidor. Essa combinação de fatores fez (e ainda faz) com que muitas pessoas se deslocassem para áreas de aglomeração industrial, em busca de trabalho, num cenário que levou ao grande aumento populacional nas grandes metrópoles. As indústrias se favorecem em locais onde há grande oferta de trabalhadores, pois podem oferecer menores salários para os proletários – que por sua vez acabam aceitando as baixas remunerações pelo medo de perderem seus empregos. Atualmente, outro motivo que favorece a implantação de empreendimentos industriais em grandes núcleos urbanos é a existência de trabalhadores com qualificação profissional, pois nas cidades maiores estão os principais centros de difusão de informação e tecnologia, como as universidades e centros de pesquisas. Portanto, para determinadas tarefas faz muita diferença a presença de mão de obra barata, enquanto para outras o que mais importa é a mão de obra qualificada.

• Matéria-prima: esse item ocupa um lugar de destaque no processo produtivo, pois é a partir dessa que será agregado um valor correspondente ao resultado do trabalho e automaticamente o lucro da produção. Diante da importância, essa deve permanecer o mais próximo possível, pois quanto mais perto ela se encontra menores serão os custos com o transporte entre a fonte fornecedora e a processadora. Historicamente, essa proximidade foi usada para diminuir o custo final e garante o aumento da lucratividade. Porém, do mesmo modo que ocorreu com a energia, atualmente há outros fatores mais importantes para a escolha da localização industrial, em função da melhora dos transportes – o que não significa que a matéria-prima deixou de ser importante, especialmente para alguns tipos de indústria como as siderúrgicas, metalúrgicas e mineradoras.

• Mercado consumidor: a escolha em estabelecer-se perto dos núcleos urbanos é proveniente da proximidade entre a indústria e os possíveis consumidores em potencial. Desse modo, as fábricas reduzem gastos com transporte, além de dinamizar o seu fluxo até os centros de distribuição. Atualmente, continua sendo um fator importante, especialmente para indústrias que fabricam produtos perecíveis.

• Meios de transporte: um sistema de transportes é de extrema valia para a produção e distribuição industrial, e por isso mesmo os locais com precária infraestrutura não costumam ser polos industriais. Afinal, é necessário transportar matérias-primas para a fábrica; e depois, os produtos fabricados para o mercado consumidor. Caso a logística de transportes não seja boa, o custo do frete se torna muito alto e o tempo de deslocamento da mercadoria também, o que acaba aumentando o custo final do produto e reduzindo a competitividade da empresa. Dessa forma, a maioria das empresas não pode, de forma alguma, abrir mão de uma localização bem servida por meios de transporte minimamente eficazes. Justamente por isso, cada vez mais tem havido uma integração entre diversos meios de transporte, com o objetivo de reduzir os custos do frete e acelerar a circulação de mercadorias entre os diversos locais do mundo.

• Incentivos fiscais: é quando o governo concede isenções de impostos (como o ICMS) às indústrias, para que elas se instalem em seu território. Em muitos casos, há também a concessão de terrenos para a instalação da unidade produtiva da fábrica. No Brasil, instalou-se nos últimos anos uma “guerra fiscal” entre municípios e estados da federação para a atração de indústrias para seus respectivos territórios. A concessão de incentivos e vantagens fiscais se tornou quase uma regra a partir do final do século XX, e é um dos principais fatores de escolha locacional das indústrias na atualidade.

• Ciclo do produto: atualmente, a fabricação de um produto costuma ser dividida em locais de produção diferentes. Por exemplo, no caso da fabricação de um carro, os motores podem ser feitos em um país; os chassis em outro; e a junção das peças para a finalização do veículo pode ocorrer em um terceiro local. Esse processo, chamado de fragmentação da produção, é uma das características da desconcentração industrial. Por conta disso, cada etapa do processo de produção pode exigir fatores locacionais diferentes. Segundo o economista Georges Benko, para cada fase de produção de um objeto industrial existe uma lógica espacial. De acordo com Benko, um produto pode ter três fases de produção: desenvolvimento, estandardização (ou amadurecimento) e declínio. E por conta disso, seguindo a lógica capitalista de otimização de custos, cada fase requer um tipo de força de trabalho mais representativa e um local de produção mais apropriado.