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ÍNDIA

ÍNDIA

As duas estrelas do crescimento econômico mundial da última década brilham no continente asiático: a China e a Índia.

A ÍNDIA NO CONTINENTE ASIÁTICO

São dois gigantes territoriais e populacionais. A China apresenta a terceira maior extensão territorial do globo e a maior população absoluta. A Índia tem a sétima maior extensão territorial e a segunda maior população absoluta. Outra semelhança é que os dois países adaptaram as suas economias de forma particular às novas características da economia mundial globalizada e não seguiram fielmente os princípios do neoliberalismo. Mas entre essas civilizações existem mais diferenças do que semelhanças. São diferenças históricas, religiosas e culturais milenares. Do ponto de vista político, a Índia, diferentemente da China, é uma democracia.

No mapa abaixo, a Ásia está subdivida em regiões: a Rússia aparece em roxo; a Ásia Central em azul; o Oriente Médio é a zona marrom; o Sudeste Asiático aparece em amarelo e vermelho; e o subcontinente indiano e o sul da Ásia aparecem em verde.

A figura acima representa a Regionalização da Ásia. 

OBSERVAÇÃO 
A Índia e suas diversidades
Um dos aspectos que mais chamam atenção da grande população indiana diz respeito a sua grande diversidade cultural, religiosa e étnica.
O país é um grande mosaico etnolinguístico. A maior parte da população é composta por descendentes de povos dravidianos e arianos. Além disso, o país apresenta mais de 15 línguas regionais e cerca de 1.600 dialetos que são falados por minorias espalhadas por todo o território.
Nos aspectos religiosos a população se divide em hinduístas (aproximadamente 72%), muçulmanos (aproximadamente 14,5%) e outras religiões menores.

O subcontinente indiano é a região peninsular do Sul da Ásia onde se situam os Estados da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão. Por razões culturais e tectônicas, a ilha do Sri Lanka e as Maldivas podem também considerar-se como pertencentes ao subcontinente. Esta região do sul da Ásia foi historicamente conhecida por Hindustão, nomenclatura hoje apenas utilizada no contexto da história da relação entre os povos europeus e o subcontinente. Geologicamente, a noção de subcontinente baseia-se no fato de que esta região fica numa placa tectônica própria, separada do resto da Ásia. A parte sul do subcontinente forma uma enorme península enquanto que o norte é composto pela cordilheira do Himalaia, que age como barreira geográfica e cultural com a China e com a Ásia Central.

A figura acima representa a imagem do Relevo – Subcontinente indiano. 

O MODELO INDIANO DE CRESCIMENTO E A EXPANSÃO NOS ANOS 1990

Foi a partir de 1991 que a Índia promoveu alterações significativas em seu modelo de crescimento econômico, na mesma época em que o Brasil deu os primeiros passos para inserir-se na economia globalizada.

O governo indiano realizou amplas reformas econômicas e abriu o país à entrada de grandes investimentos diretos estrangeiros (IDE) associados à indústria nacional e estatal. Nos setores estratégicos relacionados à indústria de base, à extração mineral, à geração de nergia, ao refino de petróleo e mesmo à indústria automobilística (Maruti e Tata), garantiu a presença do Estado como acionista majoritário.

Mais ainda, a indústria bélica e de extração de petróleo são monopólios estatais. No entanto, existe uma série de problemas em relação a estes setores tradicionais da indústria indiana. Muitos trabalham no limite, com equipamentos obsoletos e necessitam de maiores investimentos para se tornarem mais eficientes. Mas não foi nestes setores mais tradicionais que a Índia conquistou destaque na economia mundial, na última década. Ao sul do território, na cidade de Bangalore, foi formado um grande tecnopolo ligado à produção de software. Nele estão instalados importantes universidades e centros de pesquisa: o centro de estudos tecnológicos, a Universidade de Bangalore, a Organização de Pesquisa Espacial Indiana, o Instituto Indiano de Administração, o Instituto Indiano de Ciências, o Instituto de Pesquisas Raman, o Instituto Nacional de Estudos Avançados, o centro Jawaharial Nehru para a Pesquisa Científica Avançada, entre outros. Não é pouca coisa para uma única cidade. Bangalore é uma espécie de Vale do Silício indiano e conta com profissionais de alta qualificação em grande quantidade, trabalhando por salários bem inferiores que os de profissionais de outros grandes tecnopolos espalhados pelo mundo.

Outro setor de destaque na Índia são os call centers (centrais telefônicas que prestam serviços de atendimento a clientes, telemarketing, suporte técnico para grandes empresas multinacionais), a serviço principalmente de grandes empresas norte-americanas. A terceirização destes serviços empresariais feitas à longa distância tornou-se possível não só devido às novas tecnologias de comunicação, mas também, devido ao fato de que uma parcela significativa da população domina o idioma inglês, herança do domínio colonial britânico.

OBSERVAÇÃO 
A Resistência Pacífica e a Independência
A Índia era dominada pela Inglaterra desde o século XVIII, sendo uma importante colônia britânica no aspecto econômico. Nessa época a Índia era formada além de seu território por Paquistão e Bangladesh.
Entretanto, a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) teve como uma de suas consequências a descolonização e o surgimento de diversas nações na África e na Ásia.
A figura histórica de Gandhi (1869 – 1948), que era chamado por seu povo de Mahatma (Grande Alma), teve uma importante relação com os movimentos que eram contrários a colonização da Inglaterra.
Esse líder, que encontrou diversos adeptos ao seu ideal, defendia a chamada resistência pacífica como forma de combater a dominação inglesa no país. Eram empregados métodos como a não-violência e a desobediência civil, materializadas através de ações como a desobediência das leis inglesas, boicote de produtos ingleses e até mesmo greves de fome (visava principalmente que hindus e muçulmanos deixassem suas divergências de lado e se unissem contra o domínio da Inglaterra).
Em 15 de Agosto de 1947 a independência da Índia foi concedida (pela tensão que existia por questões religiosas o território foi dividido e o Paquistão se formou).
Em 1948, Gandhi que defendia a união entre hindus muçulmanos, foi assassinado por um radical hindu. No mesmo ano uma ilha localizada no sudeste do subcontinente indiano tornou-se um Estado Independente chamado de Sri Lanka.
Em 1971, o Paquistão oriental formou um novo país conhecido como Bangladesh.

OS PROBLEMAS SOCIAIS E OS CONTRASTES DO GIGANTE ASIÁTICO

A Índia tem 1,324 bilhão de habitantes (2016) e sua população cresce num ritmo maior do que o da população chinesa. As projeções de crescimento demográfico indicam que, até 2022, haverá mais indianos no mundo do que chineses, fazendo da Índia o país mais populoso do mundo.

Apesar da grande população e o seu grande potencial de mercado terem, também, sido fatores de atração de volumosos investimentos estrangeiros, a maioria da população está à margem das grandes conquistas econômicas que surpreenderam o mundo na última década.

Os contrastes sociais na Índia são gritantes. O crescimento das grandes metrópoles como Nova Délhi, Mumbai, Calcutá e Madras fez com que se ampliassem o número de favelas e de sem tetos que perambulam e dormem pelas ruas das grandes cidades.

Outra questão social grave pode ser verificada pela diminuição do número de mulheres no conjunto da população indiana. De fato existe uma preferência pelo filho homem, assim como na China. As mulheres são vistas como encargo econômico, principalmente no momento que estão em idade de se casar. A família da noiva, segundo a tradição, é obrigada a pagar dote que pode representar parte do patrimônio acumulado durante anos de trabalho ou a realizar pagamentos regulares ao marido ou à sua família.

Assim, são várias as denúncias de infanticídio feminino logo após o parto, praticado pela própria família, ou torturas cometidas pelo marido ou membros de sua família como ameaça à não contribuição regular dos parentes da esposa. Essa tradição criminosa, embora passível de condenação legal – desde 1961 é proibida a exigência do dote -, ocorre por todo o território e nas diferentes castas.

O SISTEMA DE CASTAS

A segregação da população indiana é social e religiosa. Ocorre no nascimento, no matrimônio e na vida profissional. Ela se baseia no sistema de castas. Apesar da extinção legal deste sistema em 1947, com a Independência, elas permanecem embutidas nos valores e no cotidiano da sociedade indiana. Na sua estrutura básica o sistema é formado originalmente por quatro castas.

As mais poderosas são os brâmanes (sacerdotes e nobres), os xátrias (guerreiros) que controlam as principais empresas, a mídia e o poder político. Em seguida vêm os vaixás (comerciantes) e os sudras (trabalhadores braçais). Cada casta tem suas próprias normas e vive rigorosamente separada em relação às outras. O casamento só pode ocorrer no interior da mesma casta, assim como simples atividades como compartilhar da refeição numa mesma mesa.

Abaixo destas castas principais estão os dalits (considerados párias, impuros ou intocáveis) que exercem os piores trabalhos e são tratados de forma subumana. Eles têm menor acesso à educação, não fazem parte do sistema de amparo social e não podem frequentar os templos religiosos.

Recentemente os dalits têm reagido a este sistema de discriminação. Da mesma forma a comunidade internacional e associações de direitos humanos começaram a questionar se o sistema de casta é uma tradição milenar e religiosa, ou uma forma de racismo e instrumento de manutenção dos privilégios das castas superiores.

No âmbito religioso, existe uma tensão entre as comunidades hindus e muçulmanas – os principais grupos religiosos do país. Originária de cerca de cinco séculos atrás, quando invasores árabes se espalharam pela Índia, a divisão religiosa também foi responsável pela separação de partes do país que se tornaram Estados independentes: Paquistão e Bangladesh.

A DISPUTA PELA CAXEMIRA

A região de Caxemira – localizada em meio às altas montanhas do Himalaia – tem sido objeto de disputa entre a Índia e o Paquistão (além da China, que se apoderou de parte do território em 1962). A maioria da população é de origem paquistanesa e religião muçulmana. O governo é da Índia, onde a religião predominante (85%) é hinduísta.

A figura acima representa a Localização da Região da Caxemira. 

A figura acima representa a Região da Caxemira. 

Desde a independência, em 1947, os dois países já se envolveram em três guerras, duas em disputa pela região, em 1947 e 1965. A situação agravou-se após 1974, quando o governo de Indira Gandhi detonou a primeira bomba atômica hindu. Em 1996, o partido Barathya Janata, dos fundamentalistas hindus, venceu as eleições e implantou uma política nacionalista. Os choques na fronteira ficaram mais intensos e constantes.

Em maio de 1998, a Índia surpreendeu o mundo realizando vários testes nucleares no deserto de Rajastão. O primeiro-ministro, Atal Bihari Vajpayee, declarou que, se fosse necessário, utilizaria a bomba atômica. Em resposta, o Paquistão, apesar de pressionado pelo mundo, detonou suas primeiras bombas nucleares. O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, afirmou que estava pronto para a luta. O Ocidente, liderado pelos EUA, decretou sanções econômicas, cortando créditos e financiamentos, para forçar os países a negociar um acordo de paz.

OS VENTOS DE MONÇÕES

Países como a Índia, Laos e o Vietnã, localizados no sudeste asiático, se beneficiam da influência dos ventos monções para o desenvolvimento de atividades econômicas, mais precisamente, na prática agrícola, no cultivo de arroz.

Esse tipo de vento ocorre por meio da disparidade de temperatura referente ao aquecimento e resfriamento, entre a massa continental e o oceano Índico, além da influência do relevo. No decorrer do inverno e verão ocorre uma troca na ordem das zonas de alta e baixa pressão. No hemisfério norte, na estação do verão acima do oceano Índico, possui temperaturas inferiores ao ar existente no sul e no sudeste asiático, isso favorece o surgimento e a disseminação de ventos com grande concentração de umidade. Nos períodos do ano em que ocorre esse fenômeno (junho e julho) desenvolvem-se também precipitações de características torrenciais, com incidência de grandes tempestades acompanhadas de inundações no continente.

A figura acima representa o Sistema de Monções.

Na estação do inverno o centro de alta pressão se estabelece no continente, dessa forma as temperaturas são inferiores às áreas oceânicas, diante disso os ventos se dirigem da parte continental para o oceano, desencadeando períodos de seca.