GLOBALIZAÇÃO
A expressão “globalização” tem sido utilizada mais recentemente num sentido marcadamente ideológico, no qual assiste-se no mundo inteiro a um processo de integração econômica sob a égide do neoliberalismo.
A GLOBALIZAÇÃO
• Globalização
• Indivíduos
• Estado.
• ONGS.
• Organizações Econômicas Regionais.
• Investidores Institucionais.
• Organizações Internacionais: OMC; FMI.
• Transnacionais.
• Cidades Globais
• Mídia
Caracterizado pelo predomínio dos interesses financeiros, pela desregulamentação dos mercados, pelas privatizações das empresas estatais e pelo abandono do estado de bem-estar social. Essa é uma das razões dos críticos acusarem-na de ser responsável pela intensificação da exclusão social (com o aumento do número de pobres e de desempregados) e de provocar crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de poupadores e de pequenos empreendimentos.
Antes do início da primeira fase da globalização, os continentes encontravam-se separados por intransponíveis extensões acidentadas de terra e de águas, de oceanos e mares, que faziam com que a maioria dos povos e das culturas soubessem da existência uma das outras apenas por meio de lendas. Podemos identificar três etapas ao longo do tempo até chegar à globalização nos dias atuais:
• Primeira Fase (1450 – 1850) – Caracterizada pela expansão mercantilista da economia-mundo europeia.
• Segunda Fase (1850 – 1950) – Caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista.
• Terceira Fase (1989/1991 – até os dias atuais) – Representa a globalização propriamente dita que foi acelerada pela queda do muro de Berlim e pelo colapso da União Soviética (URSS).
A globalização pode ser entendida como o processo de integração industrial, financeira, tecnológica, social e cultural entre os diversos espaços do globo através de diversos tipos de fluxos. Isso ocorreu pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação e transporte que ocorreram principalmente a partir da segunda metade do século XX.
O termo “aldeia global”, muito utilizado quando a temática de globalização é apresentada, faz referência ao progresso tecnológico que parece diminuir as distâncias dos diversos espaços do planeta (compressão espaço-tempo). Neste cenário, assim em como uma aldeia, todos ali presentes apresentam algum tipo de ligação.
POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO
O geógrafo Milton Santos em seu livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”, destaca a importância de percebermos a globalização não apenas como ela nos é apresentada, não tendo assim um modelo único e verdadeiro. Na sua análise apontou três formas diferentes de ver o mundo, ou seja, três faces diferentes da globalização:
• A globalização como fábula (o mundo como nos fazem vê-lo…) – formada por diversos mitos como a presença de uma aldeia global e a comunicação universal.
• A globalização como perversidade (o mundo como ele é…) – aquela que causa uma maior presença de doenças, fome e miséria nos países mais pobres e que pelo domínio tecnológico dos países mais ricos causa a proliferação de ideologias perversas.
• Uma outra globalização (o mundo como ele pode ser…) – proporcionará a criação de ideologias mais humanas.
Podemos então considerar a existência de diversos tipos de globalização:
• Globalização Econômica – Significa que a economia de diversos países adquire as mesmas características capitalistas controladas por multinacionais, inseridas no comércio global e na DIT.
• Globalização Financeira – Ocorre hoje principalmente porque praticamente todas as bolsas de valores (mercado financeiro) do mundo estão integradas.
• Globalização Cultural – Formada através da ocidentalização dos costumes (americanização). Comer em redes de fast-food e assistir filmes de Hollywood, que são práticas comuns em todo o mundo, são hábitos que representam essa ideologia.
• Globalização Política – Representada pela adoção do neoliberalismo, um modelo político propagado pelos Estados Unidos, em quase todo o globo, incluindo o Brasil.
Portanto, a globalização não só possibilita a integração, mas principalmente fragmenta através de um aumento da diferença socioeconômica entre os países do globo, amplificando o conflito “norte (países ricos) x sul (países pobres)”. Nesse cenário atual, em que as industrias são predominantemente baseadas no toyotismo e na qual os países são neoliberais, as condições de trabalho são cada vez mais precárias (contratos flexíveis) e o desemprego (estrutural) causando pela automação (robotização) tem aumentado.
PRIMEIRA FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1450-1850)
A primeira etapa, resultado da procura de uma rota marítima para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais europeias na Índia, China e Japão, e, principalmente, abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo. Enquanto as especiarias eram embarcadas para os portos de Lisboa e de Sevilha, de Roterdã e Londres, milhares de imigrantes iberos, ingleses e holandeses, e um bem menor número de franceses, atravessaram o Atlântico para vir ocupar a América.
Aqui formaram dois tipos de colônias:
• Colônias de exploração, no sul da América do Norte, no Caribe e no Brasil, baseadas geralmente num só produto (açúcar, tabaco, café, minério etc.) utilizando-se de mão de obra escrava vinda da África ou mesmo indígena;
• Colônias de povoamento, estabelecidas majoritariamente na América do Norte, baseadas na média propriedade de exploração familiar.
Para atender às primeiras colônias de exploração, o brutal tráfico negreiro tornou-se rotina, fazendo com que 11 milhões de africanos (40% deles destinados ao Brasil) fossem transportados pelo Atlântico para labutar nas lavouras e nas minas. Igualmente não se deve omitir que a colonização europeia promoveu uma espantosa expropriação das terras indígenas e no sufocamento ou destruição da sua cultura. Em quase toda a América ocorreu uma catástrofe demográfica, devido aos maus tratos que a população nativa sofreu e as doenças e epidemias que os devastaram devido ao contato com os colonizadores europeus.
Nesta primeira fase, estrutura-se um sólido comércio triangular entre a Europa (fornecedora de manufaturas), África (que vende seus escravos) e América (que exporta produtos coloniais). A imensa expansão deste mercado favorece os artesãos e os industriais emergentes da Europa, que passam a contar com consumidores num raio bem mais vasto do que aquele abrigado nas suas cidades, enquanto que a importação de produtos coloniais faz ampliar as relações intereuropeias. Exemplo disso ocorre com o açúcar cuja produção é confiada aos senhores de engenho no Brasil, mas que é transportado pelos lusos para os portos holandeses, onde lá, encarregam-se do seu refino e distribuição.
Politicamente, a primeira fase fez-se quase toda ela sob a égide das monarquias absolutistas que concentram enorme poder e mobilizam os recursos econômicos, militares e burocráticos para manterem e expandirem seus impérios coloniais. Os principais desafios que enfrentam advinham das rivalidades entre elas, seja pelas disputas dinásticas territoriais ou pela posse de novas colônias no além-mar, sem esquecer-se do enorme estrago que os corsários e piratas faziam, especialmente nos séculos XVI e XVII, contra os navios carregados de ouro e prata e produtos coloniais.
A doutrina econômica desta primeira fase foi o Mercantilismo, adotado pela maioria das monarquias europeias para estimular o desenvolvimento da economia dos reinos. Ele era baseado numa legislação que recorria a medidas protecionistas, incentivos fiscais e doação de monopólios para promover a prosperidade geral. A produção e distribuição do comércio internacional era feita por mercadores privados e por grandes companhias comerciais (as companhias inglesas e holandesas das Índias Orientais e Ocidentais) e, em geral, eram controladas localmente por corporações de ofício.
Todo o universo econômico destinava-se a um só fim: acumular riqueza. O poder de um reino era aferido pela quantidade de metal precioso (ouro, prata e joias preciosas) existente nos cofres reais. Para assegurar seu aumento, o Estado exercia um sério controle das importações e do comércio com as colônias. Esta política levou a que cada reino europeu terminasse por se transformar num império comercial, tendo colônias e feitorias espalhadas pelo mundo todo (os principais impérios coloniais foram o inglês, o espanhol, o português, o holandês e o francês).
SEGUNDA FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1850-1950)
Os principais acontecimentos que marcam a transição da primeira fase para a segunda dão-se nos campos da técnica e da política. A partir do século XVIII, a Inglaterra industrializa-se aceleradamente e, depois dela, a França, a Bélgica, a Alemanha e a Itália. A máquina a vapor é introduzida nos transportes terrestres (estradas de ferro) e marítimos (barcos a vapor). Consequentemente, essa nova época será regida pelos interesses da indústria e das finanças, ou seja, pela grande burguesia industrial e bancária. Essa interpenetração dos bancos com a indústria, com tendências ao monopólio ou ao oligopólio, fez com que ocorresse “uma prática imperialista”.
A ampliação dos mercados e a obtenção de novas e diversas fontes de matérias-primas fazia-se necessária. Esse momento irá se caracterizar pela ocupação territorial de certas partes da África e da Ásia, além de estimular o povoamento das terras pouco habitadas da Austrália e da Nova Zelândia. A posse de novas colônias torna-se um ornamento na política das potências (só a Grã-Bretanha possuía mais de 50). O cobiçado mercado chinês finalmente foi aberto pelo Tratado de Nanquim de 1842 e o Japão também foi forçado a abandonar a política de isolamento da época.
Cada uma das potências europeias rivaliza-se com as demais na luta pela hegemonia do mundo. O resultado é um acirramento da corrida imperialista e da política belicista que levará os europeus a duas guerras mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45. Ademais, outros aspectos técnicos ajudam a globalização: o trem e o barco a vapor encurtam as distâncias; o telégrafo e o telefone aproximam os continentes e a comunicação. E, principalmente depois do voo transatlântico de Charles Lindbergh em 1927, a aviação passa a ser mais um elemento que permite o mundo tornar-se menor.
Nestes cem anos da segunda fase (1850-1950), os antigos impérios dinásticos desabaram (o dos Bourbons em 1789 e, definitivamente, em 1830, o dos Habsburgos e dos Hohenzollers em 1914, o dos Romanov em 1917). Se em 1914 haviam diversas potências, como o Império britânico, o francês, o alemão, o austro-húngaro, o italiano, o russo e o turco otomano, após a 2ª Guerra Mundial só restaram duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.
No decorrer do século XX, três grandes projetos de liderança da globalização conflitaram-se entre si:
• Comunista – Inaugurado com a revolução bolchevique na Rússia (1917) e reforçado pela revolução maoísta na China (1949).
• Contra revolução Nazifascista – Reação da direita ao projeto comunista, surgido nos anos de 1919, na Itália e na Alemanha e que se estendeu até o Japão, tendo sido debilitado no final da Segunda Guerra Mundial (1945).
• Liberal Capitalista – Representado principalmente pelos países anglo-saxões, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Num primeiro momento, ocorreu a aliança entre o liberalismo e o comunismo (entre 1941 e 1945) para a autodefesa e, depois, a destruição do nazifascismo. Num segundo momento, os vencedores, EUA e a URSS, desentenderam-se gerando a Guerra Fria (1947-89), quando o liberalismo norte-americano rivalizou com o comunismo soviético numa guerra ideológica mundial e numa competição armamentista e tecnológica que quase levou a humanidade a uma catástrofe (a crise dos mísseis de 1962).
Com a política da glasnost, adotada por Mikhail Gorbatchev na URSS desde 1986, a Guerra Fria encerrou-se e os Estados Unidos saíram vencedores. Os três momentos-símbolo disto foram a derrubada do Muro de Berlim ocorrida em novembro de 1989; a retirada das tropas soviéticas da Alemanha reunificada; e a dissolução da URSS em 1991. A China, por sua vez, que desde os anos 1970 adotara reformas visando sua modernização, abriu-se em várias zonas especiais para a implantação de indústrias multinacionais, deixando seus aspectos ideológicos comunistas para trás. Desde então, só restou hegemônica, no moderno sistema mundial, a economia-mundo capitalista, não havendo nenhuma outra barreira a antepor-se à globalização.
A TERCEIRA FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1989-HOJE)
Chegamos desta forma à situação presente, onde sobreviveu uma só superpotência mundial: os Estados Unidos. É a única que tem condições operacionais de realizar intervenções militares em qualquer parte do planeta. Alguns exemplos de suas intervenções são:
• Kuwait (1991).
• Haiti (1994).
• Somália (1996).
• Bósnia (1997).
• Afeganistão (2001).
• Iraque (2003)
Se a segunda fase da globalização foi marcada pelo uso da libra esterlina (já que a Inglaterra era a principal potência), atualmente é o dólar que domina as transações internacionais – assim como o idioma inglês tornou-se a língua universal por excelência. Alguns autores chegam a afirmar que a globalização recente nada mais é do que a americanização do mundo.
A produção industrial nos dias de hoje é controlada predominantemente por um conjunto de grandes corporações transnacionais, que tem seus investimentos espalhados por todo o globo. A nacionalidade dessas empresas é majoritariamente de países centrais como: Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Holanda. Isso comprova que é possível perceber uma concentração de riquezas e tecnologias entre poucos países.
A ONU, que deveria ser o embrião de um governo mundial, foi fragilizada pelos interesses e vetos das superpotências durante a Guerra Fria. Em consequência dessa debilidade, tornou-se uma espécie de representante dos interesses dos países dominantes.
CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU
A Organização das Nações Unidas(ONU) fundada em outubro de 1945 e que tem como objetivo principal garantir a paz mundial e o respeito dos direitos humanos, além de promover o desenvolvimento mundial, é uma organização intergovernamental formada por países que se reúnem de maneira voluntária. Em sua estrutura é formada por seis órgãos principais:
• Assembleia Geral.
• Conselho de Segurança.
• Conselho Econômico e Social.
• Corte Internacional de Justiça.
• Conselho de Tutela.
• Secretariado.
Nessa estrutura o Conselho de Segurança é responsável pela paz e a segurança internacionais. Busca isso determinando o início, a continuação e o fim de missões de paz, solicitando sanções econômicas, fiscalizando situações que possam se tornar conflitos internacionais, recomendando métodos de diálogos entre países, além de recomendar o ingresso de novos membros na ONU e a eleição de um novo Secretário-Geral para a Assembleia Geral.
Em sua estrutura conta com 15 países, sendo dez deles membros não permanentes que são eleitos pela Assembleia Geral de dois em dois anos e cinco membros permanentes que apresentam o poder de veto (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China e França).
É importante destacar que esses membros permanentes por apresentarem o poder de veto no único órgão com poder decisório na ONU tem uma grande influência geopolítica. No cenário atual muitos países buscam a sua entrada nesse grupo além de contestarem essa estrutura antiga que segue os moldes do período de Guerra Fria.
Enquanto no passado os instrumentos da integração foram a caravela, o galeão, o barco à vela, o barco a vapor e o trem, seguidos do telégrafo e do telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores ligados na Internet. O domínio da tecnologia por um seleto grupo de países ricos abriu um fosso com os demais, talvez o mais profundo em toda a história conhecida. Hoje, os países núcleos da globalização (os integrantes do G-7), estão, em quase todos os campos do conhecimento, muito à frente dos países subdesenvolvidos. Ou seja: o abismo entre os ricos do Norte e os pobres do Sul se ampliou.
Podemos identificar esse abismo através do controle que alguns países detêm sobre a tecnologia de ponta (microeletrônica, computadores, aeroespaciais, equipamento de telecomunicações, máquinas e robôs, equipamento científico de precisão, medicina e biologia e químicos orgânicos). Os EUA são responsáveis por 20,7%; a Alemanha por 13,3%; o Japão por 12,6%; o Reino Unido por 6,2%, e a França por 3,0% das exportações mundiais. Deste modo, apenas estes 5 países detêm 55,8% dessas exportações dos produtos de alta tecnologia.
A globalização, como movimento de transformação social e de produção que promete a melhoria da qualidade de vida, pasteuriza os comportamentos e as aspirações humanas, criando uma relativa homogeneização dos costumes. O cidadão brasileiro comum, embora não tenha conhecimento dos movimentos da produção e dos mercados mundiais, já está consumindo “globalmente”. Come macarrão da Itália, bebe água da França, veste camisetas da China, vê noticiários fabricados nos Estados Unidos, anda com tênis da Indonésia e viaja com carros da Coreia.
GLOCALIZAÇÃO
A palavra “glocalização” faz uma referência a junção de duas concepções importantes na estrutura de um mundo globalizado: local; global.
Para o sucesso dessas empresas é importante que o pensamento e suas ações sejam realizadas em escala global e que a aproximação do mercado consumidor venha através de produtos adaptados a cultura local.
DESGLOBALIZAÇÃO
Processo atual que se manifesta através de políticas públicas, como aquelas adotadas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia, que visam principalmente o aumento do protecionismo econômico (dificulta os fluxos de mercadorias) e a restrição dos movimentos migratórios (dificulta os fluxos de pessoas).
Esse novo cenário é então exemplificado através:
• Retração de investimentos.
• Discursos e práticas anti-imigração.
• Enfraquecimento dos blocos econômicos.
Portanto, podemos perceber que ao mesmo tempo em que alguns países passam por uma maior interação, outros têm realizado o fechamento de fronteiras e posto em prática ações que dificultam os fluxos.