NIETZSCHE E O NIILISMO
Nietzsche (1844 – 1900) vai estabelecer que certos comportamentos sociais são representativos de uma moral de controle, que busca conter os indivíduos e suas revoltas
NIETZSCHE E A MORAL
O pensador feriu ferozmente a moral que previne a rebeldia dos sujeitos rebaixados, das classes subordinadas e presas contra a classe elevada e aristocrática.
Com elevado espírito de combate às posições alçadas, ele se lança contra os “ídolos” (referência a Francis Bacon), as ilusões remotas e jovens do Ocidente: a moral religiosa, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e as disposições modernas e seus emissários. Levando a sua mais famosa frase: “Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo”.
O Nietzsche vai trazer um entendimento da vida como irracionalidade, destruição e sofrimento. O lidar com a vida pode ocorrer com dois instintos fundamentais: o dionisíaco e apolíneo. O dionisíaco está vinculado aos prazeres, desejos e vontades sexuais, o apolíneo está inteirado à moderação, ao controle e à realização da norma. O homem ao longo do tempo teve seu estado apolíneo sendo sobreposto ao dionisíaco, gerando uma desvalorização da busca de prazeres e desejos.
Capa da primeira edição de Genealogia da Moral (1887)
A crítica a Sócrates ocorre por considerar que o pensador grego permitiu que a moderação e o espírito apolíneo fossem valorizados. A história da Filosofia, ao valorizar o racional, gerou essa valorização, que foi corroborada ao longo do tempo pelo cristianismo. Sócrates iniciou uma decadência da humanidade, que foi aprofundada com os valores de uma “moral escrava” valorizada pelo cristianismo. A prática cristã tornou pecado valores, prazeres e vontades presentes no homem, o cristianismo seria um platonismo para as massas. O sentimento de culpa trazido pelo pecado domestica o homem, controla e se volta contra ele. A moral escrava gera repouso e passividade. Essa moral escrava suprime elementos fundamentais da vida como a criação, invenção e a valorização dos instintos, presentes na “moral dos senhores”.
O FILÓSOFO E O NIILISMO
Um autor do Niilismo vai ter como base a destruição de paradigmas aceitos através de convenções sociais. Nietzsche busca romper com as verdades ditas e colocadas como inquestionáveis, um rompimento com a moral do rebanho, uma tentativa de destruir todo pensamento baseado em contratos estabelecidos. Além disso, a moral tradicional formula uma perspectiva metafísica que cria um mundo superior, que não é real e alcançado pelo pensamento humano.
O Niilismo vai representar a quebra da ordem, dos valores, das normas estabelecidas e principalmente uma grande crítica à ordem vigente na Filosofia, que buscava expressar a razão como real instrumento para responder às questões da sociedade. Muitas interpretações da obra de Nietzsche dão conta de associá-lo ao niilismo, mas outras tantas não concordam com essa visão, pois entendem que o niilismo tende a manter o homem numa posição de mediocridade e uniformidade. Ao contrário, Nietzsche defende a potência, a “vontade de poder”, superando explicações metafísicas e que inibem a ação, valorizando a realização humana, a criação e o nascimento de novos valores.