A pergunta é relevante o pode ser respondida na forma de outro questionamento: para que estudamos História? Pode-se até iniciar a resposta com a clássica frase, típica do ensino primário: “Estudamos a História para conhecer o passado, entender o presente e melhorar o futuro!”. Contudo, precisamos ir além desta “fórmula” linear e idealizada.
A compreensão do passado, de fato, nos ajuda a entender o presente, o que nos situa no mundo,; no meio social em que vivemos, tornando-nos indivíduos críticos, analistas da realidade, com vistas a transformá-la – ou não! Este é o sentido do estudo da disciplina, e representa também o primeiro passo para dominar o que cai no ENEM em História.
Assim, o mais cobrado não é um apanhado de fatos importantes, processos pormenorizados, datas e afins, que o aluno deve apenas decorar e reproduzir – o tão famoso factual. Não que ele não apareça, vez ou outra, mas não se destaca como característica predominante na prova. O ENEM busca que o candidato tenha pensamento crítico. Assim, o citado factual surge como contexto para a reflexão; o pano de fundo para o protagonista da História (o aluno; ser social) desenvolver sua atuação (refletir; pensar criticamente).
Para demonstrar melhor o que cai no ENEM em História, exemplificamos, com questões do mais recente exame, a característica principal da prova e uma questão centrada no factual, nesta ordem:
Questão 79 - caderno azul do ENEM 2017,
TEXTO I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou de pequenas concessões.
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013 (adaptado).
TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das principais heranças romanas que chegaram até nós. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante, pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um instrumento favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na ideia de que a
- discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.
- invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias.
- formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
- definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.
- criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.
Questão 81 - caderno azul do ENEM 2017,
Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular… Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”.
A Democracia. 16 set. 1945, apud GOMES, A. C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.
O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por
- reclamar a participação das agremiações partidárias.
- apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
- demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
- reivindicar a transição constitucional sob influência do governante.
- resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social.
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Com o foco da prova esclarecido, pode-se dar uma resposta técnica à pergunta inicial, e mostrar o que cai no ENEM em História, com os conteúdos mais cobrados divididos por frente, com alguns gráficos bem legais elaborados pelo Proenem, a partir de pesquisa feita pela equipe de História. Você pode conferir os vídeos do raio-x do ENEM, feitos em 2017 e disponíveis em nosso canal do youtube. As informações ali contidas foram atualizadas neste artigo, mas a prova se manteve quase “milimetricamente” no mesmo padrão.
História do Brasil é, de longe, o que mais cai no ENEM em História. A prova propõe uma reflexão sobre a sociedade em que está inserido o candidato, sobre sua formação.
Quais os assuntos mais relevantes para o Exame?
Lógico é que tenha foco no Brasil, nas relações culturais, movimentos sociais, relações governamentais e institucionais referentes ao país. Desde que chamado “Novo Enem” estreou, em 2009, já foram 174 questões de História do Brasil, o que corresponde a 57% do total de questões de História.
As questões de História geral totalizaram 108 até a prova de 2017, correspondendo a 36%. Há, ainda, 21 questões que rotulamos como outros, referentes à Pré-História (1 questão), Teoria da História (5 questões) e Memória (15 questões), correspondendo a 7% do total. É notável que uma temática recente que tem ganhado espaço nas universidades e centros de pesquisa, também tem aparecido com frequência no ENEM, associada aos conteúdos que elencamos: a História Pública e os estudos sobre Patrimônio. Observe o gráfico:
Conhecer o período mais longo da História do Brasil também é relevante para dominar o que cai no ENEM em História. O período colonial (1500-1922), base da formação brasileira – é, disparado, o mais abordado, tratando-se de temáticas como escravidão e resistência negra, relações culturais, relações sociais, processo de formação econômica e organização política. Segue-se à colônia, o período imperial (1822-1889), em que também é abordada a questão da escravidão e da resistência negras, bem como o processo de construção da nacionalidade e do Estado.
O período republicano é bem amplo…, vamos dividi-lo. A Primeira República, ou República Velha (1889-1930) é a campeã deste bloco, com grande foco nas relações e nos movimentos sociais do período. A ditadura militar (1964-1985) é outra partição do período republicano que recebe destaque, abordando seu caráter repressivo e antidemocrático ou relacionando-o ao período democrático posterior (o atual, pós-1985).
A Era Vargas (1930-1945) é tão constante no rolê quanto a ditadura, nesse sentido, recebe grande atenção não só o chamado Trabalhismo como a relação do governo com os trabalhadores e movimentos sociais. Vargas aparece também, junto a outros personagens políticos, na abordagem dada à República Liberal ou Populista (1945-64), em que os projetos e as relações político-econômicos e a sociedade são trazidos aos holofotes. Um pouco desfocada está a chamada Nova República (1985-atualmente), cuja organização política e social é destacada, como você percebe no gráfico abaixo:.
E o que cai no ENEM em História Geral?
A Idade Contemporânea lidera o ranking e, tem – como um dos principais tópicos abordados – o contexto da Segunda Guerra Mundial, em que o Período Entreguerras bem como a ascensão dos fascismos oue ideologias correlatas recebem grande atenção. Guerra Fria também é um conteúdo de destaque, especialmente no que se refere à descolonização. O fenômeno do Imperialismo, associado aos Estados Unidos no século XIX, figuram como conteúdo também cobrado com frequência razoável. As atualidades, ou mundo contemporâneo, também são frequentes, geralmente em associação à geografia, mesmo atentando-se para o fato de que “a História está, no ENEM, muito mais próxima da sociologia do que da geografia”, como destaca o professor Otto Barreto no Raio-x do ENEM.
A Modernidade recebe muito destaque., Podemos incluir no período –, além de temas clássicos como Reforma Protestante, Absolutismo, Renascimento e Formação do Estado Nacional –, a colonização da América, e a África no período, e as Revoluções Burguesas.
Destas últimas, destaca-se a Revolução Industrial. O tema é, junto com Memória e Patrimônio, o conteúdo que mais cai no ENEM em História. A dica, para você que quer mandar bem, é dedicar especial atenção às consequências sociais deste processo – tanto da Primeira (século XVIII) quanto da Segunda (século XIX) fases.
Antiguidade Clássica é, com perdão do trocadilho, um conteúdo clássico do ENEM., São questões sobre cidadania, democracia, república, lutas sociais, civilização e outras cruciais para se entender a construção do mundo atual. O período Medieval aparece com média [;)] frequência, o que já não ocorre com Antiguidade Oriental, Estados Unidos no século XIX e mundo árabe, que aparecem muito pouco. Não esqueçamos, também, das questões envolvendo memória, teoria da História e Pré-História, com pouca incidência. Vejamos o gráfico abaixo:
Os conteúdos que fazem a diferença para sua aprovação estão organizados com resumos, vídeos e questões na Plataforma do ProEnem. Agora que você já está por dentro de tudo o que cai no ENEM em história, é hora de arregaçar as mangas e embarcar nessa viagem de preparação rumo à universidade dos seus sonhos.