INFERÊNCIA E REFERÊNCIA
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Evidentemente, o autor cria o texto e, para fazê-lo, parte do que tem dentro de si e do que existe (ou que ele imagina existir) ao seu redor. O autor quer dizer algo, possui seus próprios objetivos ao idealizar sua obra. Tem suas crenças, suas ideias sobre o mundo e interage com ele, tem o desejo de convencer o leitor de sua história ou de seu ponto de vista.
O autor sempre quer dizer mais do que aquilo que escreveu e algumas dessas informações estão nas “entrelinhas”, seja por vontade do autor de ocultá-las ou por presumir um determinado grau de informatividade do leitor. Daí a ideia de que no texto nem tudo está posto: há informações pressupostas e outras que estão subentendidas.
O leitor é um ser idealizado pelo autor, já que, quando este escreve, faz para que aquele leia. E é nesse processo de idealização que reside o conjunto de informações que o autor pretende que sejam entendidas sem que haja a necessidade de sua declaração explícita. É claro que o autor pode usar dados que sejam do seu mundo particular, mas sempre se diz algo sob determinadas circunstâncias e a forma como se o diz está diretamente relacionada à situação na qual se apresenta o texto. Isso quer dizer que um autor deixa pistas, seja no texto ou na construção do contexto em que o texto se insere, para que as informações “não ditas” possam ser percebidas.
Daí a importância do contexto para a compreensão leitora; a forma como são apresentados os fatos, sua sequência e relevância têm sempre importância na criação de um mundo em que aquelas “regras” apresentadas no texto têm valor. Além disso, as marcas de linguagem e as estratégias da construção do texto são fundamentais para aquilo que se pretende dizer. Um texto é “tecido” costurando-se informações anteriores e posteriores que se inter-relacionam por meio de referências realizadas por diversos mecanismos que retomam ou antecipam ideias.
INFERÊNCIA
A inferência é um processo mental de raciocínio que consiste em utilizar os mecanismos textuais evidentes para retirar do texto uma informação não explícita. Assim, é uma forma de compreender o sentido de um enunciado utilizando-se os dados presentes no texto somados aqueles que são contextuais e aqueles provenientes da própria situação de emissão.
Quando as informações não explícita é tomada como base para a construção de um enunciado, com evidentes marcas linguísticas que o sustentam, estamos diante de uma pressuposição, um cenário tomado como verdadeiro ou necessário para a compreensão daquilo que se enuncia.
O marido de minha chefe parou de beber.
Há três pressupostos na sentença, o de que a irmã do enunciador é casada (desencadeado pelo substantivo “marido”), a de que o enunciador possui um emprego (desencadeado pela expressão “minha chefe”) e que o marido bebia anteriormente (desencadeado pelo verbo “parou”).
Os pressupostos não se modifica quando colocados sob a forma de interrogação ou negação.:
O marido de minha chefe parou de beber?
O marido de minha chefe não parou de beber.
Perceba que, em todas as sentenças a compreensão dos pressupostos é a mesma.
Praticamente todo enunciado apresenta algum tipo de pressuposto, já que se baseia em um conjunto de informações compartilhadas pelos leitores. Quando alguém diz “Foi fulano que chegou atrasado”, há a compreensão de que alguém chegou atrasado; porém se a frase fosse tão somente “Fulano chegou atrasado”, teríamos a mesma informação, porém sem qualquer pressuposição de que alguém tenha chegado atrasado.
Já os subentendidos são informações propostas pelo autor de forma sutil e que dependem exclusivamente da percepção do leitor, pois não existem como uma informação confiável e existente. Não apresentam qualquer marca linguística, sendo exclusivamente percebidos por meio do conhecimento de mundo aplicado ao contexto e à situação de emissão do enunciado. Não correspondem, de fato, a algo dito no texto, podendo ser contestados ou refutados, sendo de critério exclusivo do leitor fazer sua compreensão.
Tenho vários amigos que estão deixando o magistério.
A informação subentendida é que a profissão de professor deve ser extenuante, ter baixos salários ou quaisquer outros motivos captados pelo conhecimento de mundo do leitor para “completar” o enunciado. Perceba que, neste caso, não há qualquer marca textual que permita a conclusão e pode-se negá-la facilmente.
Quando for para a escola, não se esqueça de levar o guarda-chuva!
A ideia é que o tempo deve estar chuvoso, entretanto, não há elemento que possa comprovar essa conclusão. O enunciador pode saber que está chovendo, imaginar que pode chover ou ter visto a previsão do tempo indicativa de chuva, porém, nenhuma dessas informações é “verdadeira” anteriormente, para que pudesse ser tomada como pressuposto.
A inferência, portanto, é a capacidade de se extrair do texto informações não ditas, por meio de elementos linguísticos que a confirmem (pressuposição) ou por meio de informações presentes no contexto em combinação com o conhecimento de mundo prévio do leitor.
REFERÊNCIAS
As referências são formas de estabelecer relações entre termos ou ideias de um texto ou do contexto, criando correspondências entre esses elementos, como forma de que uma coisa “aponte” para outra. Isso é realizado por meio do uso de mecanismos linguísticos, que vão desde o uso de pronomes e advérbios às perífrases e alusões.
Quando uma referência é realizada por mecanismo lexical, temos a utilização de sinônimos, antônimos, hiperônimos, hipônimos ou expressões para estabelecer a conexão entre os elementos de referência.
O médico estava lendo os laudos.
Em pouco tempo, o clínico tinha o diagnóstico do paciente.
(referência por sinonímia)
O lado bom de se estudar pela manhã é que a mente ainda está fresca;
o ruim é que o sono é grande.
(referência por antonímia)
O carro estava parado em fila dupla.
Não demorou muito para que o automóvel fosse rebocado.
(referência por hiperonímia/hiponímia)
Castro Alves foi um de nossos maiores artistas.
Sempre renderemos homenagens ao Poeta dos Escravos.
(referência por perífrase)
Essa tragédia nada tem de divina! Parece obra daquele que não se deve falar o nome.
(referência por alusão)
São igualmente comuns as referências pronominais ou adverbiais, que introduzem, além de mera substituição, informações ligadas ao contexto do discurso, como espaço ou tempo de realização.
Em outubro passado, o jovem conseguiu um bom emprego fora do país.
Mas, logo no mês seguinte, ele acabou demitido.
(referências temporais, espaciais e pessoais)
A referência pode estar dentro do próprio texto, quando recebe o nome de endofórica ou fora do texto, isto é, no próprio espaço comunicacional ou no contexto, quando recebe o nome de exofórica.
Tome-se como exemplo a pergunta “o que está acontecendo ali?”. O advérbio de lugar ganha um sentido apenas contextual, pois depende da referência do falante que, por exemplo, pode estar apontando para alguma direção. Com isso, temos uma referência situacional, ou, como nomeada acima, exofórica.
As referências internas no texto são mais comuns e classificam-se segundo a relação do mecanismo usado como referência e o termo referenciado. Assim, podem ser anafóricas, quando o item de referência retoma uma ideia anteriormente expressa no texto; ou catafóricas quando a referência é feita a alguma ideia ainda não expressa no texto.
Pedro é um grande amigo. Ele sempre foi companheiro nos momentos difíceis.
Nesse exemplo, o pronome “ele” refere-se a “Pedro”. Assim temos uma referência endofórica (interna ao texto) anafórica (retomada de ideia anterior).
Na placa havia escrito isto: Proibida a entrada.
Nesse caso, o pronome “isto” refere-se ao que ainda vai ser enunciado, isto é, a mensagem escrita na placa. Por isso, essa é uma referência endofórica catafórica (antecipação de uma ideia).
Essas referências podem ser pessoais, demonstrativas e comparativas. Normalmente são duas as classes gramaticais utilizadas como operadores: os pronomes (pessoais, possessivos e demonstrativos) e advérbios (especialmente os de lugar).
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