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TEORIAS EVOLUTIVAS

TEORIAS EVOLUTIVAS

Aprenda sobre Teorias Evolutivas e a Teoria Sintética da Evolução

Como estudamos anteriormente, ao nos basearmos na hipótese de evolução bioquímica, a ocorrência de reações aleatórias entre moléculas inorgânicas foi um processo crucial para o surgimento de moléculas mais complexas e, por consequência, para o próprio surgimento da vida. A aleatoriedade de alterações moleculares, no entanto, não parece ter cessado após esses momentos iniciais da vida. Ela continua até hoje, causando alterações tipicamente imperceptíveis, que movem as engrenagens da evolução das espécies.

Originalmente, no entanto, a explicação mais comum para a existência de diferentes organismos era baseada no chamado fixismo. Esse conjunto de ideias se pauta na crença de um estado permanentemente inalterado de biodiversidade. Em outras palavras, segundo o fixismo, todas as espécies de organismos vivos existentes em nosso planeta haviam surgido ao mesmo tempo e permanecido iguais ao longo do tempo.

Com o passar dos anos, o pragmatismo científico permitiu investigar e desvendar de maneira estruturada as alterações ocorridas no padrão de espécies que ocupam a Terra. Através da integração entre diferentes áreas do conhecimento, passamos a compreender os fenômenos de extinção e especiação. Essa corrente ficou conhecida, então, como transformismo. Dentro dela, estudaremos a linha evolucionista, mais pertinente à biologia, que tem como grandes expoentes os naturalistas Jean Baptiste Lamarck e Charles Darwin.

LAMARCKISMO

Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um botânico e zoólogo francês, especialista em invertebra­dos, que formulou uma das primeiras teorias da evolução. As contribuições de Lamarck à ciência também incluem tra­balhos em meteorologia, química, geologia e paleontologia, mas ele é mais conhecido por seu trabalho em zoologia de invertebrados e por suas reflexões sobre a evolução. Segundo ele, uma vez que a natureza tivesse criado a primeira forma de vida, todas as formas subsequentes resultariam da ação do tempo e do ambiente sobre a organização dos seres vivos. A teoria de evolução, então, seria pautada em uma série de princípios, merecendo destaque dois de seus enunciados: a lei do uso e desuso e a lei da transmissão dos caracteres adquiridos.

A lei do uso e desuso explicaria como características surgiriam ou desapareceriam mediante a exposição de um organismo a diferentes condições ambientais. Isto significa dizer que, segundo Lamarck, os organismos sofreriam modificações com o objetivo de tornarem-se mais adaptados. Desta forma, por exemplo, a coloração esverdeada de um grilo teria surgido com o objetivo de protegê-lo de predadores por dificultar que fosse visualizado em meio ao ambiente em que vive.

A lei da transmissão dos caracteres adquiridos explicaria como as características desenvolvidas em um organismo seriam transmitidas às próximas gerações. À época a reprodução não era tão bem compreendida e se imaginava que, para a formação de um novo ser, fluidos corporais seriam drenados de todas as partes do corpo e trocados entre os indivíduos durante o ato sexual. Assim, se uma parte do corpo fosse mais desenvolvida, proveria mais fluidos, sendo passada à próxima geração com mais facilidade. Como o contrário também seria verdadeiro, um órgão perdido, não por acidente, mas por transformação induzida pelo ambiente, não poderia ser transmitido às gerações seguintes. Assim, retomando o exemplo do grilo citado no parágrafo anterior, sua coloração esverdeada de origem induzida pelo meio seria passada adiante, garantindo que a prole deste primeiro animal verde, também apresentasse as mesmas modificações.

A figura a seguir esquematiza outro exemplo clássico que facilita a visualização do conceito lamarckista de evolução. Observe como, mais uma vez, as mudanças no meio ambiente são fundamentais e determinantes no surgimento de alterações no organismo analisado.

DARWINISMO

Charles Darwin (1809-82) foi um naturalista britânico que, baseando-se nos conceitos de transformismo propostos por Larmack e outros que o antecederam, desenvolveu a teoria de evolução por seleção natural. A teoria completa de Darwin foi publicada em 1859, com o tí­tulo A origem das espécies por meio da seleção natural.

Segundo Darwin, alterações ambientais selecionariam os organismos melhor adaptados, eliminando os demais. Os sobreviventes, então, seriam capazes de se reproduzir e passariam suas características às próximas gerações. Cabe ressaltar que, diferentemente da proposta lamarckista, Darwin não indica uma explicação para o surgimento de uma dada característica. A proposta darwinista assume que, em uma população, haja organismos com variações fenotípicas de uma determinada característica, não se preocupando em determinar como estas variações tenham se desenvolvido. Assim, ao tentarmos explicar de forma darwinista a coloração esverdeada do nosso grilo hipotético, deveríamos pensar em uma população de grilos onde houvesse animais de diferentes cores, inclusive alguns esverdeados, que foram selecionados por serem melhor adaptados ao ambiente de folhas que também apresentavam esta cor. Ou seja, os grilos não teriam se tornado verdes para sobreviver, mas aqueles que eram verdes acabaram por sobreviver por apresentarem vantagem seletiva sobre os demais.

A seguir podemos observar a explicação para o tamanho do pescoço das girafas, agora, sob o ponto de vista darwinista. Note que, como para Lamarck, o ambiente continua como um elemento importante no processo evolutivo. No caso da explicação Darwinista, no entanto, o ambiente não promove as transformações, mas atua como agente seletor dos organismos mais bem adaptados.

MODALIDADES DE SELEÇÃO NATURAL

A seleção que ocorre sobre uma população pode levar à priorização de características distintas de acordo com o tipo de alteração ambiental que a causou. Desta forma, podemos falar em três modalidades de seleção natural: seleção disruptiva, seleção estabilizadora e seleção direcional.

Imagine uma população de peixes que viva em um lago. Nesta população há três fenótipos facilmente identificáveis com relação à característica tamanho, sendo possível observar peixes pequenos, médios e grandes. Originalmente, a maioria dos peixes apresenta tamanho médio, sendo os números de peixes pequenos e de peixes grandes mais reduzido. No entanto, um predador é introduzido neste lado, alterando o ambiente e atuando como fator seletivo. Este predador tem dificuldades para capturar os peixes pequenos uma vez que estes se escondem com maior facilidade. Enfrentar os peixes grandes demanda um grande gasto energético, o que não é compensado com a alimentação. Sobram como presas preferenciais, então, os peixes médios que acabam tendo sua frequência na população reduzida em relação às frequências de peixes pequenos e grandes, caracterizando uma seleção disruptiva. Neste padrão de seleção, os fenótipos extremos (peixes pequenos e peixes grandes) são favorecidos em detrimento do fenótipo intermediário (peixes médios).

Na seleção estabilizadora, uma população que inicialmente tenha o fenótipo intermediário mais frequente tende a torná-lo cada vez mais abundante em detrimento dos fenótipos extremos. Esta seleção conduziu o tamanho dos recém-nascidos da nossa espécie, em particular, antes do progresso da medicina. Bebês muito pequenos nasciam muito fracos para continuar vivos ou morriam mesmo antes do parto. Bebês muito grandes podiam ocasionar problemas durante o parto ou levar a um enfraquecimento demasiado de suas mães. Assim, a cada geração havia a seleção de bebês que apresentassem um tamanho intermediário, sendo grandes o suficiente para sobreviver e pequenos o suficiente para não atrapalharem seu próprio nascimento.

A seleção direcional, por fim, ocorre quando um dos fenótipos extremos é selecionado em detrimento dos demais, como no caso do pescoço das girafas. A escassez de alimento levou à redução do número de girafas com pescoço pequeno ou médio e favoreceu a sobrevivência de girafas com pescoço grande. Estas, então, conseguiram obter alimento e, assim, energia para sua reprodução, tornando-se mais frequentes na população.

TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO (NEODARWINISMO)

A partir da proposta darwinista de seleção natural, muita coisa foi modificada para dar origem ao que conhecemos hoje como teoria evolucionista. As descobertas nos campos da geografia, geologia e paleontologia, por exemplo, trouxeram informações a respeito dos processos de fossilização, migração de espécies, deriva continental, etc. Estudos de anatomia, fisiologia e embriologia possibilitaram a realização de comparações entre organismos de diferentes espécies. Áreas como a genética, bioquímica e biologia molecular, contribuíram com conhecimentos acerca da origem das características dos seres vivos e, também, da importância de suas modificações. Física, química, matemática e tantos outros campos de conhecimento se somaram e somam ainda hoje aos estudos de evolução ao trazer diferentes ferramentas que possibilitam sua compreensão.

Simplificadamente, podemos compreender que a teoria sintética da evolução nos informa como as características dos seres de uma população podem variar a partir de mutações e recombinações genéticas. É importante salientar, ainda, que alterações genéticas não são fenômenos dirigidos, mas aleatórios. Assim, não devemos imaginar que uma alteração ambiental induza uma alteração no DNA de um organismo fazendo com que o mesmo se torne mais apto. Na verdade, a maioria das alterações genéticas é nociva ao organismo e apresenta caráter deletério. No entanto, como a evolução ocorre em uma escala de tempo geológica, é possível compreender que algumas poucas modificações randômicas acabem por induzir o surgimento de características benéficas ou o desaparecimento de características maléficas. Uma vez que estas modificações tenham ocorrido, então, há margem para a seleção natural.

Outro aspecto importante é considerar o local onde ocorrem essas alterações genéticas. Apenas modificações em células germinativas devem ser consideradas ao falarmos sobre evolução. Estas células, também conhecidas como gametas, células sexuais ou reprodutivas, fornecem o material genético que compõem todo o organismo de um novo indivíduo que virá a se formar após a reprodução. Isso significa dizer que são as únicas células capazes de transportar alterações genéticas para as próximas gerações. Mutações em células somáticas, ou seja, em quaisquer outras células do corpo que não sejam um gameta, permanecem restritas ao organismo que as sofreu. Imagine, por exemplo, que ao entrar em contato com um agente mutagênico presente no cigarro, uma célula pulmonar sofra alteração genética. Esta alteração poderá afetar os pulmões, mas não há motivos para acreditarmos que venha a influenciar na formação da prole deste indivíduo. Outro aspecto desta informação é compreendermos que não ocorre evolução biológica ao longo da vida de um indivíduo – ou um organismo nasce com a modificação em todas as suas células ou não.

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