PRINCIPAIS DOENÇAS
Dentre as diferentes doenças humanas possíveis, as parasitoses estão entre as mais comuns. São problemas que envolvem, em muitas situações, falta de estrutura governamental para o atendimento à população tanto antes do desenvolvimento da moléstia (fase de prevenção), quanto no tratamento dos doentes.
ESQUISTOSSOMOSE
A doença do caramujo, como também é Conhecida como barriga d’água, tem seu nome popular derivado da necessidade de um hospedeiro como este para que o platelminto Schistosoma mansoni complete seu desenvolvimento e chegue ao humano.
As fezes humanas contaminadas por ovos do S. mansoni, se eliminadas próximo a lagos e lagoas, originarão formas larvais conhecidas como miracídios. Estes, por sua vez, infectam os caramujos, passando por uma transformação que culminará em larvas cercárias livre-natantes que penetram ativamente a pele humana, onde atingem a corrente sanguínea, completando seu ciclo ao chegarem ao fígado de seu novo hospedeiro.
Por se localizarem em vasos sanguíneos que comunicam o fígado ao intestino delgado, estes vermes que apresentam sexos separados, se reproduzem e eliminam seus ovos neste órgão. Desta maneira, o ciclo de vida do parasita se completa ao serem eliminados os ovos em locais inapropriados.
Como estratégia de combate à doença é possível desenvolver campanhas de esclarecimento público sobre os locais nos quais habitam os caramujos hospedeiros de forma que estes sejam evitados. Tratamento de esgoto e saneamento básico também devem ser disponibilizados à população como um todo e, de forma mais danosa ao ambiente, podem ser desenvolvidas técnicas de eliminação do caramujo – como a introdução de predadores ou o emprego de substâncias moluscicidas.
TENÍASE
A teníase é uma doença causada por platelmintos do gênero Taenia que se distinguem em duas espécies: Taenia saginata e Taenia solium. Estes vermes, também conhecidos como solitárias, apresentam dois hospedeiros, sendo um deles comum às duas espécies – o humano. A principal distinção em seus ciclos de vida se deve ao outro animal a quem parasitam. Assim, além de infectar humanos, o desenvolvimento da T. saginata também envolve bois; enquanto a T. solium utiliza porcos como hospedeiros.
As solitárias apresentam corpo alongado e dividido em duas regiões. Em sua porção anterior que é responsável pela fixação ao intestino humano, o escólex, a T. saginata apresenta ventosas enquanto a outra espécie se destaca por pequenos ganchos que perfuram a mucosa do hospedeiro. Em seguida a esta região encontram-se as proglotes, onde se localizam os órgãos reprodutores masculino e feminino destes animais hermafroditas (monóicos).
O ciclo de vida destes parasitas inclui a infecção humana através da ingestão de carne de boi ou de porco – de acordo com a espécie de platelminto envolvida – contaminada pelo verme. Uma vez no tubo digestório humano, o desenvolvimento é concluído e a solitária se prende à parede do intestino delgado, onde irá se reproduzir e eliminar seus ovos juntamente às fezes do hospedeiro. Caso as fezes sejam eliminadas em local inapropriado, pode ocorrer contaminação ambiental que possibilitará a ingestão destes ovos por bois ou porcos. Dentro do corpo destes animais, o verme passará do tubo digestório à musculatura onde se alojará formando um cisticerco.
Assim, dentre as principais formas de prevenção a esta doença encontram-se o saneamento básico e o consumo de carnes de boi e porco sempre bem cozidas. Enquanto a primeira medida visa eliminar a contaminação do ambiente, a segunda provoca a morte do cisticerco e evita a infecção de humanos saudáveis.
CISTICERCOSE
A cisticercose é uma doença provocada pela ingestão direta dos ovos da T. solium e ocorre principalmente pela falta de higiene pessoal e para com os alimentos, além da ausência de saneamento básico. Neste caso, ao invés do cisticerco se formar na musculatura do porco, ele acaba se desenvolvendo em humanos, sendo os principais locais afetados a musculatura e o cérebro – situação na qual a doença pode se tornar fatal.
ASCARIDÍASE
A ascaridíase é causada pelo nematelminto Ascaris lumbricoides. Este verme que apresenta sexos separados (dioico) coloniza o intestino, onde se reproduz e libera seus ovos através das fezes humanas que podem contaminar a água e alimentos. Estes, caso ingeridos sem qualquer tratamento, seguem o tubo digestório até o intestino onde atingem a corrente sanguínea e seguem seu fluxo até os pulmões. Ao atingirem o sistema respiratório e depois de sofrerem diversas transformações, os vermes seguem até a faringe para retornarem até o intestino.
Como a liberação dos ovos destes parasitas envolve as fezes humanas contaminadas, as medidas de prevenção também passam pelo saneamento básico. Além disso, estratégias de conscientização a respeito da higiene pessoal e da higienização da água e alimentos também são capazes de reduzir o número de contaminações.
ANCILOSTOMOSE
A ancilostomose é causada pelos vermes nematelmintos das espécies Ancylostoma duodenale e Necator americanus quando suas larvas penetram ativamente a pele humana. A partir deste momento, o parasita segue a corrente sanguínea até os pulmões, onde passa ao sistema respiratório e segue da faringe até o intestino. Localizados neste órgão, o A. duodenale ou o N. americanus, ambos dioicos, se reproduzem e utilizam as fezes humanas como meio de dispersão de seus ovos.
Esta doença que também é conhecida como amarelão, tem seu nome derivado do mecanismo através do qual o parasita se nutre. Estes vermes se prendem a parede do intestino e causam pequenos cortes para que tenham acesso ao sangue. Com essa perda de sangue pode surgir o principal sintoma que é o empalidecimento da pele.
Como maneiras de evitar o acometimento por esta doença é recomendado o uso de calçados fechados para a proteção dos pés que são o principal local de exposição às larvas que se localizam em poças e locais minimamente úmidos.
BICHO GEOGRÁFICO
A larva Migrans, nematelminto causador do bicho geográfico, não apresenta o humano como parte do seu ciclo de vida tradicional. Na verdade este parasita se desenvolve no tubo digestório de gatos e cães e tem seus ovos eliminados através das fezes destes animais. Caso estes ovos contaminem o ambiente, as larvas podem encontrar o humano pela penetração ativa através da pele lesionada. A migração através do órgão infectado cria verdadeiros túneis que dão o aspecto de linhas traçadas em um mapa, como sugere o nome da parasitose.
A prevenção contra o bicho geográfico envolve políticas públicas de amparo a cães e gatos que não possuam donos em regiões próximas a praias, rios e cachoeiras. Além disso, os animais que possuam donos devem ter acesso vedado a estas regiões na ausência de comprovante veterinário que ateste sua saúde.
FILARIOSE
A filariose é causa pelo nematelminto da espécie Wuchereria bancrofti que apresenta o mosquisto Culex como seu vetor. Este inseto, contaminado após se alimentar do sangue de um indivíduo doente, pode transmitir a filária a outro humano através de sua picada. O parasita transmitido aloja-se no sistema linfático e, quando sua proliferação ocorre de maneira muito intensa, o excesso de vermes pode causar o entupimento destes vasos levando ao inchaço do órgão afetado. O aspecto causado pela doença, principalmente quando acomete às pernas do paciente, lembra os membros de um elefante, daí o nome popular da doença que também é conhecida como elefantíase.
A filariose deve ser combatida pela eliminação do mosquisto vetor. Isso inclui a redução de locais para o desenvolvimento de suas larvas, como pratos de plantas, garrafas e caixas d’água descobertas.
OXIUROSE
A oxiurose, oxiuríase ou enterobiose é causada pelo nematelminto Enterobius vermicularis que, quando adulto, se aloja no intestino grosso do indivíduo contaminado. Dióicos, estes animais se reproduzem e a fêmea migra ao ânus do hospedeiro, onde ocorre a deposição dos ovos. Como o movimento do verme causa coceiras ao paciente, é comum que este leve as mãos à região afetada e acabe contaminando-as. A consequência deste ciclo, na ausência de bons hábitos de higiene pessoal, costuma ser a propagação dos ovos a alimentos, bebidas e objetos domiciliares o que, por sua vez, pode levar à infecção de terceiros.