ESPECIAÇÃO
Desde a origem da vida no planeta Terra, os seres vivos existentes sofreram diferenciação através de variações genéticas com a ocorrência de mutações gênicas.
ESPECIAÇÃO
A seleção natural, então, atuou neste cenário possibilitando a sobrevivência de indivíduos que possuem caracteres que melhor os adaptam às diferentes condições ambientais. Com alterações ambientais, são mudadas as formas de seleção natural sobre as populações, provocando, consequentemente, alterações na composição genética das populações. Assim, se por um lado as contínuas alterações ambientais, ao longo do tempo, podem levar à extinção de uma espécie, por outro lado, a seleção de novas características surgidas ao acaso pode levar à especiação (surgimento de novas espécies).
O processo evolutivo envolve dois mecanismos de especiação: a anagênese e a cladogênese.
I. Anagênese (ana = para cima; gênesis = origem): representa a progressiva evolução de caracteres que surgem ou se modificam, alterando a frequência genética de uma população. Portanto, uma inovação orgânica, favorável ou desfavorável, selecionada e adaptada ao ambiente. Geralmente se estabelecem por eventos relacionados à mutação e permutação em cromossomos homólogos.
II. Cladogênese (clado = ramo): compreende a ramificação filogenética, ocasionando a ruptura na coesão de uma população, que em função de contínuas transformações anatômicas e funcionais, em resposta às condições ambientais, resultam na dicotomia (separação, neste caso em grupos) da população, estabelecendo diferenças capazes de originar clados não compatíveis.
ESPECIAÇÃO ALOPÁTRICA
Baseia-se na formação de novas espécies em populações geograficamente isoladas.
Com o isolamento geográfico entre duas populações, os cruzamentos entre seus membros deixam de ocorrer. Assim, o fluxo gênico é interrompido, de modo que alguma característica nova em uma das populações não seja compartilhada com a outra. Com o passar do tempo, a tendência é que a adaptação particular de cada uma conduza a um isolamento reprodutivo.
O isolamento geográfico entre populações de uma espécie pode ocorrer por eventos de dispersão.
ESPECIAÇÃO PERIPÁTRICA
Peripátrica (do grego peri, ao redor, em torno), também chamada de “Efeito Fundador”.
Ocorre quando, através da dispersão, se forma uma colônia periférica a partir da população original e, após várias gerações, surge o isolamento reprodutivo.
Neste tipo de especiação, os indivíduos se dispersam através de uma barreira preexistente e se estabelecem em uma área ainda não habitada. A população que se dispersa pode sofrer mutações, que a diferenciam da população ancestral.
ESPECIAÇÃO PARAPÁTRICA
Ocorre sem que haja um isolamento geográfi co. As populações da mesma espécie estão em uma área única, com diferentes habitats adjacentes, entretanto, mesmo que não exista uma barreira física para o fluxo gênico, a população não cruza aleatoriamente.
Em geral, ocorre quando a espécie espalha-se por uma grande área, com ambientes diversificados. Os indivíduos são distribuídos por uma ou mais áreas adjacentes com diferentes nichos e pressões seletivas. Essa situação leva cada população a sua adaptação local e consequentemente a se tornarem novas espécies.
ESPECIAÇÃO SIMPÁTRICA
A especiação simpátrica (syn, semelhante, juntos; patriae, local de nascimento) não envolve o isolamento geográfico.
Ocorre quando duas populações da mesma espécie vivem em uma mesma área, mas não há cruzamento entre as mesmas, o que leva a diferenças que resultam na especiação, neste tipo de especiação, é uma barreira biológica que impede o intercruzamento.
Na natureza, a especiação simpátrica pode ser observada e explicada através de dois mecanismos: a seleção disruptiva e as alterações cromossômicas.
O modo mais comum é por poliploidia (mutação), que representa um aumento no número de cromossomos. Esse mecanismo ocorre mais em plantas, do que em animais.
Novas espécies podem surgir, de modo abrupto, em consequência de mutações cromossômicas.
ISOLAMENTO REPRODUTIVO
O que pode levar dois organismos a serem incompatíveis do ponto de vista reprodutivo e, desta forma, caracterizarem duas diferentes espécies? Bem, há diferentes possibilidades, mas elas podem ser dividias em dois grupos principais de isolamento reprodutivo: isolamento pré-zigótico e isolamento pós-zigótico.
No primeiro caso, falamos em mecanismos que impeçam a formação da prole por inviabilizarem o cruzamento de dois organismos. Utilizamos o termo “pré-zigótico” para destacar que, sem fecundação, não há, sequer, a formação de um zigoto. Estes mecanismos incluem:
• Isolamento ecológico ou de habitat: quando as populações vivem em áreas diferentes na mesma região geral.
• Isolamento sazonal ou temporal: os períodos de atividade reprodutiva dos organismos ocorrem em diferentes épocas do ano.
• Isolamento sexual ou comportamental: a atração mútua entre os seres de espécies diferentes é fraca ou nula.
• Isolamento mecânico: os órgãos reprodutores dos organismos são fisicamente incompatíveis.
• Isolamento gamético: os gametas masculino e feminino não são atraídos um pelo outro ou não são capazes de fecundarem um ao outro.
O isolamento pós-zigótico ocorre quando dois organismos vencem todos os mecanismos anteriormente citados e são capazes de se reproduzir sem que, no entanto, o zigoto formado consiga se desenvolver plenamente. Neste caso pensamos em:
• Inviabilidade do híbrido: os zigotos híbridos tem viabilidade reduzida ou são inviáveis.
• Esterilidade do híbrido: os híbridos gerados de um ou de ambos os sexos não produzem gametas funcionais, sendo incapazes de passar suas características a uma próxima geração.
• Degeneração do híbrido: quando os híbridos são capazes de se reproduzir, mas seus descentes são inviáveis ou apresentam viabilidade reduzida.